Aquele em que dizemos adeus

Pra quem não sabe, o Apaixonados por Séries existe há quase dez anos. Eu e Camila…

O que esperar de 2018

Antes de mais nada, um feliz ano novo para você. Que 2018 tenha um roteiro muito…

Supergirl – 2×06 Changing

Por: em 16 de novembro de 2016

Supergirl – 2×06 Changing

Por: em

Supergirl é uma série realista, tudo bem, temos alienígenas, super-heróis e super-vilões, mas o discurso emponderador da produção se mostra como uma de suas características em particular mais fortes, se propondo a dar maior visibilidade às minorias marginalizadas e trazer em seu texto uma interlocução com essa realidade que nós vivemos. Changing trouxe um dos mais icônicos vilões das comic books para as telinhas, Parasite, entretanto, o episódio foi mesmo sobre as mudanças significativas que os personagens da série têm sofrido nesse período de transição. Não é errado dizer que, estar na CW trouxe um novo ar para a atração inspirada nas histórias da DC Comics, mas o que não poderíamos esperar é que essa mudança seria tão bonita de ser acompanhada, transformando Supergirl em um dos melhores shows sobre heróis na tv atualmente.

supergirl-206-alex-kara

Changing acompanhou o episódio anterior, Crossfire, e deu continuidade às histórias de dois personagens que ganharam um destaque merecido, diga-se de passagem, nas últimas semanas: Alex, Mon-El e James. As mudanças estão no ar em Supergirl desde o início da temporada, e semana após semana nos deparamos com novidades que estão aí para mudar os rumos da atração. Enquanto semana passada o episódio apenas apresentou essas mudanças que estariam por mim, esta semana, nossos personagens partilham momentos importantes para o presente e o futuro nas circunstâncias da atração.

Vamos começar por um dos momentos mais fortes da série, o plot de Alex teve destaque como a personagem LGBT da série, e ganhou um tratamento cuidadoso e emocionante, mas ao mesmo tempo real. A amizade entre as irmãs Danvers sempre foi um ponto alto do show, entretanto não podemos negar que o assunto sempre foi sobre a kriptoniana, enquanto Alex foi colocada como sua protetora e à margem de seu protagonismo, em dado ponto chegou o momento da Última Filha da Kripton ceder espaço para a história de sua irmã. A discussão iniciada na semana passada teve continuidade neste capítulo, assumir a homossexualidade, principalmente quando essa parte de você foi suprimida por tanto tempo, é um dos momentos mais intensos na vida de uma pessoa, e Supergirl fez um tributo emocionante sobre o que isso se trata. Muito tempo atrás, Grey’s Anatomy  deu o mesmo tratamento com a personagem de Caliope Torres, e desde então, não tinha visto uma única cena que conseguisse transmitir tanta emoção, até surgir Supergirl, que além de se tratar sobre super-heróis, é sobretudo sobre pessoas e suas histórias que compõem a atração, e a maneira desafiadora como se propõem a contar isso é que demonstra o diferencial da história.

A relação entre a primogênita dos Danvers e sua irmã esteve em evidência neste episódio, principalmente com Alex se assumindo para Kara. Melissa Benoist continua sendo a protagonista da série, no entanto Chyler Leigh explora a recente vulnerabilidade de sua personagem com louvor, roubando o brilho da cena todo para si, o diálogo entre as irmãs se mostra sutil, íntimo e forte, passando a mensagem de apoio e força no seu texto. Enquanto essa mudança na vida de Alex começa a ser aprofundada, o relacionamento entre as irmãs Danvers nos mostrou o seu melhor. Não só Alex agora está lutando para abraçar sua identidade, como está percebendo que se sentia assim há muito tempo, entretanto suprimindo por medo. O fato é que, a agente do DEO colocou seu coração na linha, apenas para vê-lo sendo quebrado em uma sequência final emocionante, deixando em aberto o futuro a ser desenvolvido sobre a sexualidade de Danvers e seus sentimentos para com Maggie.

Outro personagem que ganhou destaque desde seu aparecimento na trama, e nesta semana teve um andamento na sua história foi o vizinho daxamita de Kripton. A identidade de Mon-El aos poucos tem sido construída, principalmente quanto ao seu caráter, que por muitas vezes se mostra de uma procedência duvidosa. É certo que sua proximidade com Kara eleva as expectativas, tanto nossas, quanto principalmente de sua mentora, quanto ao homem que este deveria se tornar, e vê-lo indo de contramão a isso é devastador para a kriptoniana. Além de funcionar como um excelente alívio cômico, fórmula que já foi testada em Crossfire num copilado de cenas hilárias de Mon-El, e nesta semana com ele e Kara bêbados (uma das melhores cenas vai para Kara bêbada), o personagem ganha momentos excelentes enquanto busca encontrar sua própria personalidade no novo planeta que se encontra. Changing levou o recém-chegado dar os primeiros passos como um herói, não sem passar por um processo de decepções após decepções com os outros ao seu redor, no entanto, ainda faltam alguns passos a serem dados, e a série abriu caminho para essa história se desenvolver dentro do quadro geral.

O capítulo desta semana deu mais um foco no prosseguimento da história de James Olsen, que finalmente se consolida como o novo herói presente em National City, Guardião. O personagem que se encontrava há muito esquecido pelo roteiro da atração, possui neste momento um plot interessante, mas sinto que ainda existe uma falta de carisma por parte do personagem, mas isso talvez seja só uma implicância pessoal minha. Implicância ou não, Guardião deve dividir os holofotes com Supergirl, e veremos o quanto isso pode incomodar a super-heroína, uma vez que já foi levantado no episódio que talvez ela goste da atenção dada. Não gosto de pensar por esse viés, afinal isso tira um pouco da credibilidade de Kara na sua qualidade mais forte que é seu altruísmo, entretanto, o surgimento do Guardião pode sim mudar um pouco da dinâmica presente entre a cidade e seus heróis.

supergirl-206-guardian

James é guiado por uma forte bússola moral e desejo de fazer o bem, estar tão próximo de Clark e Kara não causaria um efeito diferente em alguém com desejo tão forte de ajudar. Sua história, porém, deve ter um desenvolvimento ainda um tanto diferente, temos kriptonianos e marcianos usando seus poderes além da possibilidade humana, Alex que possui um treinamento para ser tão boa quanto de fato é, James por outro lado é um cara comum que decidiu sair detrás das câmeras e fazer algo incisivo, e ainda, a motivação do personagem não me parece forte suficiente, visto que ela surgiu um tanto “do nada”. Porém, num contexto atual da nossa realidade tão forte quanto presenciamos, acompanhar um homem normal se tornar um novo herói certamente traz uma mensagem importante, e estou ansiosa para ver como isso será realizado no universo da série e os paralelos que seu texto poderá nos propor.

E enfim, se o vilão Parasita causou algum problema maior, um deles certamente foi colocar a vida de J’onn por um fio, o que teve M’gann como sua salvadora, a transfusão de sangue de uma marciana branca, no entanto, não parecia assim uma alternativa tão viável, e isso com certeza vai nos render momentos daqui para frente importantes na história dos marcianos. Changing fez o que o nome do episódio de propôs, causou mudanças mais que significativas no rumo de Supergirl, este que tem se apresentado muito satisfatório para a história contada.

Observações e easter-eggs:

  • Por mais cenas com Kara bêbada, eu voto sim!
  • Queremos mais cenas entre James e Winn para ontem por favor, produção.
  • Parasite é um dos vilões mais clássicos do Superman, a versão apresentada é de John Ostrander, criador de Esquadrão Suicida em 1987. O antagonista é conhecido por seus poderes que absorvem energia e força a partir do toque.
  • Não é a primeira vez que vemos um kriptoniano bêbado, em Superman III temos uma das cenas memoráveis do filme onde Kal-El acaba também embriagado.
  • No início do episódio, quando os cientistas se encontram com o vilã Parasita, vemos no fundo uma logo de uma empresa “Thorul Artic”. Thorul é um nome muito utilizado pela família Luthor para se distanciarem de Lex, que havia se tornado um notório vilão.
  • Em Changing, James finalmente se torna o Guardião. Nos quadrinhos, o herói existe desde 1942, mas Jimmy nunca foi um dos personagens a adotar o legado.
  • “Superamigos” como Winn chama a dupla dinâmica formada entre ele e Olsen, é uma clara referência ao desenho exibido de 1973 a 1986 da Liga da Justiça, que contava com histórias mais leves da equipe.


Gabriela Vital

A Kardashian perdida que sonha em ser médica um dia.

Vitória / ES

Série Favorita: Grey's Anatomy

Não assiste de jeito nenhum: The Walking Dead

×