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SuperStar – 3×13 Top 4 / Final (Season Finale)

Por: em 9 de julho de 2016

SuperStar – 3×13 Top 4 / Final (Season Finale)

Por: em

A final da terceira temporada de SuperStar foi uma representação digna da temporada em si: competente, interessante, mas previsível. Foi tudo dentro da caixinha, tudo arrumadinho, das 8 performances do dia até o tom da bancada – inclusive, o resultado não poderia ter sido mais previsível. Mas vamos (re)ver performance a performance de modo que consigamos tirar algumas conclusões mais sólidas no fim da review.

Top 4

Bellamore – Counting Stars

SuperStar - Bellamore (Final)

Eu já dizia lá na performance de Trent Harmon no top 6 do Idol que Counting Stars é uma música complicadíssima para ser usada em realities. Se nem Ryan Tedder consegue fazer um bom live dessa música sem se atropelar e/ou mudar o arranjo, o que meros mortais podem fazer? Bellamore fez um bom trabalho, com uma performance enérgica, o costumeiro engajamento nos primeiros segundos da música que têm sido um excelente diferencial deles, mas alguma coisa simplesmente não estava ligando. Some isso ao fato de terem sido a primeira banda da noite tarde, e recebem uma quantidade massiva de público que nunca viu o programa e achou o aplicativo divertidíssimo ainda que não faça ideia como usar, pronto: temos uma eliminação.

Fulô de Mandacaru – O Trenzinho do Caipira / Luar do Sertão / Olha Pro Céu

Se SuperStar fosse BBB, Fulô seria aquele jogador que não se mete em briga, vence no discurso do bom moço, mas não vive só de falar não. Ganha todas as provas do líder, ainda que nunca se arrisque. E leva a bolada pra casa. Porque, se não foi estratégia (e segurança) cantar 3 músicas típicas de festa junina no fim de semana entre o dia de São João e o dia de São Pedro, eles deram muita sorte.  Foi uma performance competente, plena, completa: desde a captação e convencimento do público nos primeiros dez segundos – e numa final, que em tese é acompanhada por uma fatia considerável de pessoas que não viu toda a temporada, isso se torna muito importante – até a explosão, culminando na já conhecida e sólida farofa de fim de performance da Fulô. Funcionou? Sim.

OutroEu – Hold Back The River

Eu poderia passar alguns dias discutindo a realitização das músicas de James Bay, mas só tem espaço pra falar um pouquinho. Lá fora, principalmente no Reino Unido, as músicas do novo indie (?) superstar têm sido muito bem aproveitados por mentores e mentorados em reality shows. Exemplo disso é Louisa Johnson, vencedora do último X Factor britânico, que ganhou a alcunha de favorita após uma performance emocional (e cheia de gelo seco) de Let It Go, também de James Bay. Cientes ou não disso, OutroEu fez também uma aposta muito segura ao escolher essa faixa para a apresentação do top 3, já que ela encaixa como uma luva na proposta da banda e Mike tem um alcance próximo o suficiente do de James. O maior problema é que ela pouco permite que a banda desenvolva o aspecto festivalesco que uma final de reality deve apresentar, de modo que a apresentação, inegavelmente competente, ficou perdida no meio de Fulôs pulantes e Plutões chorosos.

Plutão Já Foi Planeta – Quase Sem Querer

Ficou para Plutão Já Foi Planeta a missão de encerrar o primeiro bloco da final, e essa missão foi deveras cumprida. Ainda que não tenha sido nem de perto tão boa quanto as duas primeiras apresentações da banda na temporada, foi uma releitura honesta e coerente de uma faixa já um tanto batida. Plutão fez um approach despretensioso na canção que indica muito o que surgirá dos próximos trabalhos deles, mas que pouco acrescenta na passagem deles pelo programa. Tinha o ‘festival’, tinha Natália e seus vocais invejáveis, tinha os refrõezinhos repetidos (e repetitivos), tinha tudo Plutão. Mas não foi uma performance capaz de suprir a necessidade que Plutão tinha de vencer o vácuo que os distanciava de Fulô – ou melhor, a apresentação não foi engajante o suficiente para fazer com que a base gigante que a banda criou ao longo do programa parasse de reclamar no twitter, abrisse uma nova guia, entrasse no gshow e votasse para a banda até o fim do programa. Ai.

Top 3

OutroEu – Pai

SuperStar - OutroEu (Final)

Começando a segunda etapa do dia, OutroEu deu adeus ao programa de uma maneira meio sem graça. Pai não é nem de perto a melhor música autoral que eles cantaram na temporada, e a despedida deles soou bastante fraca. A música pouco tinha o espírito descoladinho que os trouxe até aqui, além de não valorizar a melodia e os vocais. De qualquer modo, OutroEu teve mais oportunidades do que o necessário para mostrar seu trabalho, e esse 3º lugar indica uma aceitação considerável de parte do público que pode garantir um sucesso médio para a banda.

Plutão Já Foi Planeta – Alto Mar

Aqui o destino do programa já estava traçado. A escolha de Plutão por uma música que lembrasse, de leve, as duas primeiras apresentações da banda no programa serviu para solidificar a ideia da banda e garantir que uma identidade sólida se formasse; mas isso nunca foi páreo para a energia de Fulô e não seria na final que isso iria acontecer. Alto Mar é uma canção excelente, com uma melodia amarrada e a cara de Plutão, mas foi só cumprimento de tabela para dar vez a uma final mais do que antecipada.

Fulô de Mandacaru – Só O Mie

SuperStar - Fulô de Mandacaru (Final)

Do mesmo jeito que Plutão optou por não ousar, Fulô resolveu se manter na zona de conforto. Só que a zona de conforto de Fulô de Mandacaru é uma das melhores apresentações da banda (!). E, mais uma vez favorecidos pelo fim de semana de festa junina, usaram e abusaram das raízes tradicionais e colocaram uns dez quilos de energia na canção. Teve todo um apelo sutil – o mesmo apelo sutil que tiveram a temporada toda – nas repetições quase infinitas de “é só o mie” que certamente convenceram os últimos votantes indecisos.

Final

Falando em votantes indecisos, a final não foi o lugar deles. O resultado já estava anunciado muito antes das apresentações começarem, reforçando a ideia de que a previsibilidade foi a marca dessa temporada. Podemos pensar em mil motivos para entender o porquê de Fulô de Mandacaru ter levado a melhor, mas seria chover no molhado. Vamos rever as apresentações e depois a gente comenta melhor.

Plutão Já Foi Planeta – Post-it

SuperStar - Plutão Já Foi Planeta (Final)

Como se pra me contrariar, Plutão fez uma performance diferente no seu último slot. Tinha um brilho diferente no olhar de Natália, um misto de satisfação com melancolia (ok, viajei) que refletia a música e a performance. Foi uma bela apresentação, mas, mais uma vez, faltou o aspecto ‘festivalesco’ que uma final de SuperStar deveria ter. Não que isso fosse fazer alguma diferença, porque com certeza os votos já estavam definidos muito antes dessa apresentação começar. O que essa apresentação, amarradinha, completa e muito competente nos diz é que, em relação ao álbum de Plutão, não perdemos por esperar.

Plutão Já Foi Planeta – São João de Outrora

A produção bem que tentou segurar o termômetro até o final, mas Fulô já começou ganhando e não há o que discutir. Mais uma vez fazendo ótimo uso do timing junino, a apresentação capturou a atenção de todo mundo nos primeiros 15 segundos e daí pra frente só descarregou a energia e a emoção de uma bela canção em cima de todo mundo. Gostando ou não, não dá pra negar que Fulô fez um ótimo trabalho de convencimento e engajamento, e foi provavelmente por isso que a banda que quase não foi aprovada na audição por um erro de Daniela levou a bolada final.

Enfim, encerramos a terceira temporada com dúvidas se haverá uma quarta. O programa nunca foi um sucesso de audiência, mas costumava cumprir as metas. O novo horário do programa, que deveria aproveitar o vácuo de The Voice Kids, foi um pequeno fracasso. Isso de modo nenhum impede que as bandas que passaram pela temporada alcancem alguma modalidade de sucesso, seja de maneira abrangente ou nos nichos que mais ou menos se constituem no cenário nacional. Plutão pode ser o act mais bem sucedido a sair daqui – tem os vocais, o carisma e a marca pra isso -, e provavelmente vai levar alguns coleguinhas pro mundo do indie pop nacional (vulgo OutroEu e Bellamore, por exemplo). Fulô, por outro lado, vai ter um trabalhinho se quiser se estabelecer no mainstream, porque não vejo muito espaço para a música tradicional nesse momento. Mas nada é impossível mesmo – e a certamente a banda vai passar uns bons anos esquentando o cenário do forró e da música tradicional nordestina.

P.S.: Desculpem pelo atraso absurdo, é que essa(s) semana(s) da minha vida foram tão bagunçadas quanto o inglês de Powertrip. Beijos cheios de Plutão e abraços cheios de Fulô pra todo mundo que acompanhou!!

 

 


Gustavo Soares

Estudante de Cinema, fanboy de televisão, apaixonado por realities musicais, novelões cheios de diálogos e planos sequência. Filho ilegítimo da família Carter-Knowles

São Paulo - SP

Série Favorita: Glee

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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