Às vezes escrever uma review pode ser algo especialmente trabalhoso. É claro que há sempre um grau de esforço envolvido, no entanto, em certos momentos parece quase impossível escolher as palavras certas para iniciar um texto ou conseguir sintetizar a essência de um episódio. Esse com certeza é um desses casos. Talvez seja apenas um reflexo do bloqueio criativo que se apoderou de mim essa semana, e já peço desculpas antecipadas por isso, talvez seja uma consequência de um episódio tão maravilhoso e cheio de acontecimentos que fica difícil saber por onde começar. Provavelmente é um pouco dos dois.
De qualquer forma, acho apropriado começar com um pequeno paralelo entre o que vimos aqui e o que nos foi apresentado na semana passada. Se Ghosted foi marcado por um ritmo mais lento e se concentrou em um núcleo específico, deixando a ação de lado, Heartless veio retomar as tramas principais e preencheu seus quarenta e poucos minutos com acontecimentos de extrema relevância. O episódio já começa com uma cena forte e agoniante, que nos permitiu ter uma breve ideia do que Theo passou nos últimos meses. Confesso que, mesmo sabendo que ele é uma criatura desprezível que não vale o oxigênio que respira, senti um pouco de pena do rapaz. A simples ideia de reviver um mesmo evento traumático incessantemente (e isso é tão Black Mirror!) é assustadora, sem mencionar como a irmã do garoto parecia realmente ter saído de um filme de terror.
Ainda assim, passar por esse inferno pessoal pode ter sido responsável por resgatar o pouco de humanidade que havia no garoto, algo que está implícito no momento em que ele aceita que, após o que fez com a irmã, merece sofrer. E, nesse ponto, é preciso dizer que será no mínimo irônico se ter o próprio coração arrancado centenas de vezes for o necessário para provar que Theo, só pra começar, tem um coração.
De todo modo, o importante é que o garoto está fora do pesadelo e até ajudou Scott, Liam e companhia em um plano para capturar um dos Cavaleiros Fantasmas. Contrariando todas as expectativas, a armadilha – uma gambiarra muito louca – funcionou e pudemos aprender mais sobre essas criaturas que vivem com o único objetivo de seguir a Caçada Selvagem. Uma das descobertas mais importantes foi a de que, ao contrário do que pensávamos, os Cavaleiros não temem Cães Infernais e parecem, na verdade, desejar a ajuda dessas criaturas. Isso faz bastante sentido, uma vez que se considera que na mitologia a Caçada é guiada por Hella, a deusa da morte, e um Cão Infernal nada mais é que um precursor da morte.
Se tudo isso não fosse o suficiente, vimos ainda Corey ser levado pelos Cavaleiros Fantasmas – algo que certamente terá um impacto gigantesco em Mason – e o Mr. Douglas (e eu finalmente descobri o nome dele) absorver os poderes de um dos cavaleiros. O que ele quer com isso continua um enigma e eu sigo achando que o professor é um personagem mal colocado e pouco interessante. Espero, no entanto, que isso mude ao longo dos próximos episódios, mas confesso que não tenho muita esperança, já que os vilões de Teen Wolf não costumam ser lá grandes coisas.
Enquanto isso, Malia seguia com um plano paralelo, utilizando a ajuda de Peter para tentar rastrear o local onde os Cavaleiros Fantasmas mantém suas vítimas presas. O melhor de tudo isso foi ver o Hale de volta a ativa (e devo dizer que Melissa está cada vez melhor na arte de cuidar de criaturas sobrenaturais) e interagindo com a filha. As cenas que os dois compartilharam foram bem divertidas e conseguiram mostrar que, apesar de toda canalhice, Peter se importa com Malia e está até mesmo disposto a se sacrificar por ela.
Por fim, preciso comentar como Teen Wolf sambou lindamente na minha cara. Há algumas semanas mencionei como o retorno de Claudia Stilinski não parecia ter qualquer lógica e poderia ser um furo gigantesco de roteiro. Essa semana, no entanto, Jeff Davis provou que sabe sim o que está fazendo e nos deu uma explicação devastadora para a mãe de Stiles ter voltada a vida. A ausência do filho foi tão forte que o xerife acabou conjurando a esposa morta para preencher o espaço deixado por ele, da mesma forma que Lenore havia feito em Caanan. Agora o xerife já acredita que tem um filho, do qual se esqueceu, e a cena entre ele e Lydia, no quarto de Stiles, foi linda e emocionante. O “porque você o amava” ainda está na minha cabeça, sendo capaz de me levar às lágrimas.
Sendo assim, só posso frisar que Heartless foi um episódio excelente e importante. É provável que a partir daqui a trama ganhe mais fôlego e a história envolvendo a Caçada Selvagem caminhe para um desfecho, fazendo com que a 6B se concentre na ameaça que virá do professor/lobisomem. Pela promo do próximo episódio já é possível perceber que muitas emoções estão por vir e eu já estou separando os lencinhos, porque sei que dificilmente estarei pronta pra isso.
