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The Flash – 3×03 Magenta

Por: em 19 de outubro de 2016

The Flash – 3×03 Magenta

Por: em

Aceitar que aqueles que amamos nem sempre vão corresponder as expectativas que colocamos neles nunca é uma tarefa fácil. E com um roteiro mais emocional e focando no retorno de Harry e Jesse, em The FlashMagenta fala exatamente disso: Sobre sonhos que não são mais os mesmos, sobre planos que mudaram e sobre o entender que, no fim do dia, nada disso importa quando se existe amor (próprio ou para com o outro).

harry-jesse

Como qualquer outro pai no mundo (ou ao menos, assim deveria ser), Harry projetou em Jesse uma vida que ele esperava que ela vivesse. Ensino Médio, faculdade, casamento, filhos, algo pacato, calmo e seguro. Tudo isso foi por água abaixo no momento em que a garota foi exposta a segunda exploração do acelerador de partículas e recebeu seus poderes. Receber velocidade fez com que Jesse, tão perdida depois dos acontecimentos da temporada passada, enxergasse ali sua oportunidade de ser alguém para o mundo, a sua chance de ser importante… de se sentir importante. O roteiro do episódio consegue colocar isso muito bem durante os diversos conflitos que a jovem tem com seu pai durante os 42 minutos de tela. É como se a vida perfeita que Harry queria que Jesse vivesse nunca a tivesse satisfeito e, agora, ela finalmente encontrou um propósito, algo que o pai, cientista, cético e controlador, não consegue aceitar muito bem.

Não até ele próprio fazer um exercício de autoanálise, pelo menos. É difícil para ele olhar para Jesse e entender em que ponto os sonhos que tinha para ela mudaram, mas a conversa com Barry sobre olhar para dentro de si e se perdoar pelos seus próprios erros é sintomática para que ele entenda que, ao tentar se colocar contra a nova persona de Jesse, ele corria o sério risco de quebrar de vez a ponte de contato que tanto batalhou para construir com ela. É isso que faz com que ele entenda que Jesse é a mesma; o que mudaram foram seus objetivos, que simplesmente não são aqueles que um dia ele sonhou para ela, mas agora são os que ela própria definiu para si, como de fato deve ser. E é nesse momento, quando ele a diz para ir ajudar Barry na luta contra Magenta, que Jesse também consegue entender que algo mudou e que, finalmente, seu pai aceitou quem ela é em seu íntimo.

O momento pai-filha ao fim do episódio é um dos mais bonitos da série. Além de muito bem escrito no que tange ao emocional (como não se emocionar com o Harry falando que Jesse sempre foi sua heroína e que agora era hora de também ser a dos outros?), reafirma o laço recém estabelecido, confere uma nova dimensão ao relacionamento dos dois e ainda presta um fanservice danado, quando o nome Jesse Quick acaba sendo adotado quase que oficialmente, com direito a uniforme e a uma promessa de Harry que eles ficarão mais um tempo naquele universo. Da nossa parte, só resta torcer para que esse tempo queira dizer para sempre. 

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À sua própria maneira, Wally também enfrenta uma crise a respeito dos sonhos que construiu para si. O desenvolvimento do futuro Kid Flash já é um dos melhores da série. De garoto mimado e irritante na temporada, Wally passou a alguém que, mesmo quando faz besteira – como aqui, vale dizer -, o faz por motivos coerentemente sustentados pelo roteiro. Desde que foi sequestrado por Zoom, algo em Wally mudou. Assim como Jesse, sua visão de mundo mudou e ele sente que precisa significar algo. Ele não vê mais o mundo pelos olhos de uma criança. Apenas existir não o satisfaz mais e, por isso, é tão doloroso para ele ver Jesse com poderes e ele não. Naquele momento, Wally não chega a ser egoísta, ele apenas vê na garota tudo aquilo que, no momento, ele quer ser, mas não pode. Ainda. Se colocar na frente de um carro em movimento para tentar ganhar seus poderes já mostra que, quando descobrir que possuía poderes em flashpoint, Wally não vai hesitar um minuto sequer em ir atrás do Alquimia para ganhar sua velocidade.

Por enquanto, a gente ganha mais um casal pra shipar. A construção do evoluir da relação de Wally e Jesse começou desde a temporada passada e ganhou mais destaque aqui, com os momentos de intimidade entre eles, como Jesse confessando que ele foi a primeira pessoa para quem ela queria contar que recebeu poderes. Eles passaram por a situação de isolamento juntos, foram atingidos pela explosão juntos, possuem em comum o fato de ter pessoas (Barry e Harry) que são superprotetores com eles… São muitas coisas em comum e, com os poderes de Wally prestes a despertarem, vai ser ótimo ele ter Jesse ali do lado como alguém para ajudá-lo a se ajustar a nova realidade que está chegando.

magenta

De certa forma, até mesmo o “metahumano da semana” também esteve um pouco ligado a isso. O distúrbio de personalidade que Frankie apresentava, transformando-a em Magenta, muito decorria dos problemas que teve com o padastro, que nunca teve um mínimo de humanidade sequer para com a garota e a transformou em alguém sem autoestima, que não era bem consigo mesmo e que acabou sendo facilmente dominada pelo seu “lado mal” quando teve a oportunidade. Foi um caso mais emocional, que rendeu excelentes momentos, como a cena em que Barry conversa com ela e consegue convencê-la a se render e mostra que, se quisesse, Frankie era mais forte que Magenta. Um tato único, que faltou a Julian, na abordagem à garota na delegacia. Ainda não consigo deduzir qual a do Draco Malfoy. Ele é implicante por natureza, não tem o menor cuidado na abordagem com um suspeito e continua ignorando qualquer tentativa de Barry de estabelecer um contato maior. Seria muito óbvio se ele fosse o Alquimia, mas não descarto essa possibilidade.

Ademais, o episódio também trouxe momentos bonitos entre Barry e Iris. Depois de um “primeiro” encontro arruinado pelo dever, fiquei com medo de que o roteiro desse passos para trás ao afastá-los novamente, mas felizmente isso não aconteceu e, ao fim, eles tiveram o merecido descanso, mostrando que dessa vez o relacionamento parece que vai engatar. No fim das contas, enquanto Harry encontrou em Jesse o amor necessário para superar as perspectivas destruídas e aceitar a filha velocista e Frankie encontrou em si mesmo o amor próprio que venceu Magenta, é em Iris que Barry encontra força para seguir em frente  mesmo após a série de erros que cometeu. Vida longa ao casal e que, dessa vez, ele não volte mais no tempo.

Outras observações: 

— Harry dando sermão em Barry assim que descobriu que ele voltou no tempo novamente. Que saudade que eu tava desse personagem.

— A conversa de Caitlin com Jesse é bem interessante. Caitlin vê em Jesse o oposto de si mesma; alguém que, ao receber poderes, não fugiu deles e os aceitou de bom grado. Claro que Snow tem todo o passado com Nevasca em seu histórico e não deve ser fácil, mas espero que ela logo aceite seu dom.

— Harry zoando a ‘genialidade’ do Barry e os efeitos do flashpoint: Impagável.

Run, Jesse. Run. A gente até arrepia.

— Já queremos Jesse de uniforme.

— Não ia falar nada, mas Jesse já parece mais rápida que o Barry, né? Brincadeira.

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O que achou do episódio? Curtiu a volta de Jesse e Harry? Deixe seu comentário e até semana que vem!


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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