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The Flash – 3×05 Monster

Por: em 3 de novembro de 2016

The Flash – 3×05 Monster

Por: em

Cheio de metáforas e significados, Monster é mais um episódio eficiente desse terceiro ano de The Flashque por mais que ainda não tenha decolado e a despeito de toda a expectativa construída previamente pelo uso do plot do Flashpoint, evolui a passos discretos.

caitlin

O título do episódio faz uma referência direta ao monstro de holograma que Barry enfrentou, mas também se encaixa perfeitamente no dilema existencial vivido por Caitlin. Procurar sua mãe, com quem não mantém uma boa relação há tempos, é a prova cabal de que o medo de se tornar um monstro como a Nevasca que um dia conheceu está mais forte do que nunca em Snow. Isso foi a porta que o roteiro precisava para explorar mais da vida pessoal da cientista e finalmente entendemos melhor porque ela não mantém contato com a Dra. Tannhauser e o que aconteceu com seu pai. Não parece, mas Cait ainda carrega uma mágoa muito grande de sua mãe e se a procurou aqui, foi porque sentiu que estava ficando fora de controle. O modo como ela foi recebida, claro, não foi dos mais calorosos, mas fiquei satisfeito de ver que no fim, quando o assistente de laboratório quis prender Snow e usá-la a seu bel prazer, Tannhauser se colocou ao lado da filha.

O problema é que talvez já seja um pouco tarde demais. Eu mesmo disse aqui, algumas semanas atrás, que Caitlin deveria ter contado para seus amigos da Star Labs sobre a manifestação dos seus poderes porque eles não significavam que ela se transformaria em Nevasca, mas aparentemente isso é algo sobre o qual ela também não tem controle. O olhar da cientista quando congelou o braço do assistente de sua mãe e a cena final deixam bem claro que os poderes de gelo também tem afetado Snow internamente, como se existisse uma outra personalidade – essa maligna – dentro da jovem, gritando para sair e ser libertada. Por esse ponto de vista, o medo de Caitlin e sua insistência em guardar segredo a respeito dos seus poderes de gelo torna-se mais compreensível – só um pouquinho mais. Snow tem medo do que ela está se tornando – do monstro que ela pode pode um dia vir a ser – e isso deve ser um fardo enorme de se carregar.

julian

Ainda que em menor escala, questões familiares também ajudaram a lançar uma nova luz sob Julian. Toda a marra, prepotência e ironia do jovem escondiam um garoto assustado que, mais do que qualquer um ali, está tendo que provar para si mesmo – e para os outros – que ele pode ser o que ele quiser. É claro que toda essa história de menino rico que se recusa a ser aquilo que os pais projetaram nele não é algo de novo no mundo, mas se encaixou bem no que havia sido apresentado do personagem de Tom Felton até aqui e desconstrói um pouco essa imagem ruim que estávamos tendo de Julian. Ser o “estranho” que tem sonhos e planos diferentes do que sua família imagina é algo mais comum do que parece e, até certo ponto, justifica a aversão que o perito tem (ou tinha?) por meta-humanos. Não deve ser nada legal conseguir sucesso, prestígio, alcançar tudo aquilo que você deseja… e de repente descobrir que o mundo mudou completamente e nada mais é como antes.

Por isso mesmo, o roteiro de Monster acertou muito ao revelar que o monstro que estava atacando na cidade era apenas um holograma; uma projeção feita por um garoto assustado de 15 anos que queria que, por apenas um dia, os outros sentissem medo como ele sentia ao sofrer bullying na escola. Casou perfeitamente com o tom metafórico que o episódio estava apresentando e ainda serviu para dar um belo tapa de realidade na cara de Julian, que certamente se enxergou no garoto e só não vai ter que carregar o sangue dele em suas mãos para sempre porque o Flash apareceu para impedir que ele atirasse num menino que, por mais que tenha feito coisas ruins e prejudicado a vida de muita gente, também trazia consigo sua própria cota de sofrimento e motivação. Agora, com um pouco de reflexão e autocrítica, Julian e Barry podem começar de novo e vai ser interessante ver a mudança na dinâmica da relação dos dois.

hr-flash

E um novo começo é exatamente aquilo que H.R, o novo Wells, afirmou estar querendo. Que Tom Cavanagh está incrível e conseguiu construir OUTRO personagem diferente, isso não dá pra negar. Mas lá no fundo, tem alguma coisa que não se encaixa nessa história. Tudo leva a crer que H.R disse a verdade e que seu objetivo ali é escrever um livro de crônicas, mas a gente já tá na 3ª temporada da série e aprendemos que quase ninguém aparece aqui sem um propósito e eu duvido muito que o desse Wells seja apenas provir ideias para que Cisco e os demais a executem durante as missões. Começamos com o pé esquerdo com ele mentindo que era um cientista quando na verdade pouco sabe de tecnologia e aquela gravação sobre Cisco, que serviu como seu “álibi” pode muito bem ter sido forjada. Ele ainda vai ter tempo para convencer que não tem intenções ruins, mas por enquanto, eu sou do time #VoltaHarry.

De uma maneira geral, dá pra dizer que Monster foi um bom episódio, que por mais que não tenha trazido muita coisa sobre a história da temporada no geral (Doutor Alquimia e Flashpoint mal foram citados), funcionou por apostar em algo que The Flash tem feito muito bem neste ano (lembram de Magenta?): Ligar os “casos da semana” aos personagens e até a nós mesmos. No fim do dia, é bom assistir uma série que diverte, mas que também te faz pensar um pouquinho.


Outras observações:

— Esse episódio me lembrou bastante uma música do Imagine Dragons, que também se chama Monster. Alguns versos como “And if I seem dangerous, would you be scared?” (“E se eu parecesse perigoso, você ficaria assustado?) casam perfeitamente com o estado de Caitlin. Pra quem tiver curiosidade, a música (com tradução) é essa:

— Uma Terra sem café. Que horror é esse?

— Por mais cenas de convivência de Barry e Cisco agora que eles estão morando juntos, please.

— A ideia da “gincana” proposta por H.R parecia bem divertida.

— Quero muito ver Assassinato no Titanic e a tal Guerra Mundial M que H.R comentou.

— Fique com a promo de Shade, episódio que será exibido dia 15 de novembro! Por enquanto, deixe seu comentário e até a próxima comunhão.


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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