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The Flash – 3×18 Abra Kadabra

Por: em 30 de março de 2017

The Flash – 3×18 Abra Kadabra

Por: em

Semana passada, escrevi que “Abra Kadabra” tinha cara de ser mais um filler perdido no meio de uma temporada que está longe de empolgar. Bom, de fato, o 18º episódio foi mesmo um semi filler, mas ainda foi melhor que uma grande parte dos outros desse terceiro ano graças a um vilão carismático e que pode perfeitamente ser aproveitado no futuro e um novo direcionamento que a trama principal parece ganhar.

Não sei até onde a ideia de Barry viajar pro futuro pode funcionar em alguma coisa, já que todas as vezes em que ele viajou no tempo, mesmo que tenha sido para o passado, as consequências foram um tanto quanto devastadoras. Contudo, com o tempo se esgotando e o dia em que Savitar mata Iris chegando, as medidas drásticas são perfeitamente possíveis de se entender. O pequeno momento entre Barry, Iris, Joe e a namorada do detetive existe logo no começo do episódio para lembrar aos dois da urgência que a situação pede e como o futuro – visualizado novamente por Cisco – ainda não mudou. Nesse sentido, é muito interessante que o vilão daqui também seja oriundo do futuro, não apenas por ser mais um lembrete vivo a Barry e os outros do destino iminente, mas também pelas novas informações que ele traz. A descoberta, por exemplo, de que foi a perda de Iris que deu a Barry a força para derrotar Savitar traz um novo sentido ao plot.

É bacana ver também como esse não foi um conceito restrito apenas a Barry. De fato, quase todos os acontecimentos de Abra Kadabra estão ligados a isso: Amor e as atitudes que acabamos tomando em nome dele. Foi amor que fez Gipsy atravessar os multiversos para ir atrás de Abra Kadabra; amor que fez Barry decidir ir ao futuro para tentar salvar Iris; amor que norteou as ações de Caitlin e Julian – e o que derivou disso; além de ter sido também o amor que, no futuro, fez Barry derrotar Savitar: o amor por Iris e a perda do mesmo. Devaneios à parte, isso fica bem claro quando Joe decide fazer um acordo com o vilão em troca da informação a respeito da identidade de Savitar. Uma medida arriscada, com todas as chances do mundo de dar errado, mas que ele tinha que tentar – ou não se perdoaria no futuro caso Iris realmente seja vitimada pelo vilão.

O debate a respeito de sua identidade, a propósito, é algo que me preocupa. Tem sido construída uma expectativa grande demais em cima disso e, na minha cabeça, são poucas as respostas que seriam satisfatórias para este caso. Não existe uma gama muito grande de personagens que possam suprir esse posto de maneira que o roteiro fique coerente (e pelo modo como o próprio texto tem tratado o caso,  não parece que vão delegar a posição a alguém desconhecido/aleatório). Foi a poucos episódios do season finale que a temporada passada investiu na história de Hunter Solomon, então espero que, na volta do hiatus, a série não enrole muito em nos contar não apenas quem é Savitar, mas também sua história, novamente pincelada aqui (toda aquela coisa de primeiro velocista, etc).

O retorno de Gipsy foi outro plot que também bebeu da fonte do “coisas que fazemos por amor.” É muito bacana ver a química que ela tem com Cisco e como a série tem se preocupado em desenhar um maior desenvolvimento para a personagem. Saber que ela já teve um parceiro que foi morto durante os ataques de Abra Kadabra dá um pouco mais de profundidade a metahumana e ajuda a construir uma ponte maior entre ela e Cisco, algo que certamente irá culminar num relacionamento. As muitas aparições da garota desde que foi apresentada me fazem crer que logo menos ela será promovida ao elenco regular e, na 4ª temporada, seja alguém mais presente no Team Flash. 

O conceito em torno do Abra Kadabra foi interessante por fugir um pouco do padrão metahumano. É bem legal que seus poderes psíquicos/telecinéticos tenham sido decorrência de implantes de nanotecnologia. É um campo novo, ainda não explorado pela série, e que se bem usado, pode render situações diversas no futuro próximo. O grande carisma do vilão também é algo que deve ser elogiado e espero que ele esteja de volta a série em um futuro não tão distante.

Mas no fim das contas, Caitlin acabou por roubar a cena pra ela. Foi ótimo ver que ela e Julian colocaram um ponto final na discussão antes que ela se estendesse mais do que o necessário. Que Caitlin tenha preferido que um Julian sem muita experiência lhe operasse após o ataque de Abra Kadabra ao invés de se deixar dominar por Nevasca é algo que reforça tanto o medo da personagem de se tornar algo que ela claramente não é quanto a força do sentimento de confiança (já dá pra chamar de amor? Acho que não. Talvez no futuro…) que um desenvolveu pelo outro nesse tempo trabalhando dentro da Star Labs. E é exatamente por isso que os momentos finais se tornam ainda mais significativos.

Julian sabia que Caitlin preferia morrer a tirar o colar e se deixar dominar por Nevasca. E, ainda assim, ele o fez. Olhando superficialmente, é uma decisão egoísta por obrigar a cientista a conviver com algo que ela não estava pronta, algo que ela não queria… algo que não é ela. Mas, fica o questionamento: Ele conseguiria conviver consigo mesmo se a deixasse morrer? Seja lá qual for a resposta, marrativamente falando, a coisa deixa na boca um gosto agridoce também. Sim, é interessante demais que Nevasca finalmente tenha tomado conta do corpo da cientista e que possamos vê-la como a vilã que esperamos desde o começo da série (ou desde o episódio da Terra-2, pra quem não conhecia sua história). Por outro lado, que isso tenha acontecido a 5 episódios do final da temporada não só denota o quanto o planejamento dela foi mal feito, como pode ser algo que se contraste com a reta final da história de Savitar e faça com que nenhuma das duas tramas ganhe o desenvolvimento que merece.

De todo jeito, não dá pra fazer nada além de esperar o retorno em abril e torcer para que a reta final traga um pouco da dignidade que a temporada em si levou, para que uma borracha seja passada e a 4ª temporada possa trazer a série de volta aos bons tempos, antes que o público se canse de esperar.


Outras observações:

— Referência a Senhor dos Anéis: Como que a gente não ama?

— H.R tão inútil que eu demorei a me dar conta que ele estava fora da maior parte da ação do episódio.

— A cena em que Abra Kadabra joga as cartas no começo do episódio foi uma das minhas favoritas, fácil.

— Gostei tanto do corte de cabelo do Wally que tô pensando até em copiar.

— O fã de Pokemon em mim completou involuntariamente o nome do episódio pra Abra Kadabra Alakazam.

— Nada menos que incrível a cena final, com a ascensão de Nevasca.

A série entrou em hiatus e retorna no dia 25 de abril, para começar o capítulo derradeiro da temporada, com o episódio “The Once and Future Flash.” Esperemos que a excursão de Barry para um tempo adiante faça com que a temporada termine com o brilho que não teve durante o seu decorrer.


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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