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The Walking Dead – 7×14 The Other Side

Por: em 21 de março de 2017

The Walking Dead – 7×14 The Other Side

Por: em


O episódio desta semana, “The other side”, serviu para amarrar algumas pontas soltas desta temporada de The Walking Dead. O episódio começou um tanto morno, mas o final compensou o início lento. Parte do episódio se passa em Hilltop, os Saviors vieram buscar o Dr. Harlam Carson para levá-lo para o Santuário. A outra metade do episódio é a jornada de Rosita e Sasha para matar Negan.

A porção do episódio em que os Saviors foram até Hilltop não funcionou tão bem. Em primeiro lugar, porque nós já sabíamos que Simon buscaria o Dr. Carson, mas também porque toda a história com Enid tentando afastar o Savior não gerou tensão alguma. A presença do mesmo Savior na dispensa onde Maggie e Daryl estavam escondidos, tampouco. Em momento algum se imaginou que os dois estariam em perigo. Ao menos havia motivo para esta cena existir: parear Maggie e Daryl, assim eles poderiam finalmente conversar sobre o que aconteceu no início da temporada, quando Daryl avançou contra Negan e, em retaliação, Negan matou Glenn. Mas era mesmo necessário que acontecesse dessa forma, como o resultado de uma cena fraca com um Savior aleatório?

Nos quadrinhos, onde Daryl sequer existe, Maggie explode com Rick porque acha que ele fez algo que indiretamente levou à morte de Glenn. Na série, Maggie instantaneamente perdoou Daryl. Ou melhor, ela nem sequer achou que ele fez algo que deveria ser perdoado. Entretanto, Daryl precisa sim aprender com o seu erro. Chorar e pedir desculpas não bastam, já que ele continua agindo irracionalmente. Quase avançar contra o Savior na dispensa porque “ele merecia morrer”, sabendo que isso causaria problemas em Hilltop ou abandonar o exílio no Kingdom são algumas das atitudes que Daryl precisa rever. Os roteiristas têm feito um trabalho muito ruim com Daryl, que há bastante tempo se tornou uma pessoa calada e inexpressiva, que vive de luto pela morte dos outros. Daryl recebeu automaticamente o perdão do público, mas e se fosse Rick, Rosita ou Morgan em seu lugar? Personagens que tem um séquito de críticos? Será que o público seria tão generoso?

Dito isto, a cena entre Daryl e Maggie foi tocante. Daryl ama a sua família e é mais amado por eles do que jamais foi dentro de sua própria família biológica. E faz sentido que Maggie o perdoe, já que nem hesitou em perdoar Tara depois que ela foi até a grade da prisão ao lado do governador, evento que resultou na morte brutal do seu pai.

Com exceção do Santuário, as outras comunidades têm mostrado que são interessantes o suficiente para carregar um episódio. É claro, que os episódios ainda são focados nos personagens que acompanhamos há algum tempo, porém, as equipes de apoio são importantes para alicerçar o núcleo principal. Neste caso, os destaques em Hilltop são Jesus e Gregory. Estes dois personagens tem enorme carisma em cena. Simon também foi um ganho para o elenco, apesar de ser um dos Saviors, costuma aparecer somente em episódios localizados em Hilltop ou em Alexandria. Todas as vezes que Simon e Gregory dividem uma cena é impossível não rir, e ao mesmo tempo, é impossível não sentir medo de Gregory revelar a presença de Maggie e Daryl. Isto prova que para criar tensão é melhor contar com bons atores e diálogos do que com recursos superficiais como na cena em que Maggie e Daryl se escondem na dispensa.

A outra metade do episódio foca na missão de Sasha e Rosita. E foi muito mais instigante de assistir do que a visita dos Saviors a Hilltop. Ao juntar estas duas personagens, já esperávamos que houvesse algum tipo de conversa sobre Abraham. Mas o diálogo foi muito intenso e emocionante. Aliás, foi muito bem escrito, soou completamente natural. Christian Serratos e Sonequa M. Green fizeram um bom trabalho neste episódio, entregando emoções conflitantes, vulnerabilidade e realismo para as suas personagens. Rosita finalmente conseguiu colocar para fora o que estava sentindo e foi bom poder vê-la falar em um tom de voz suave, relembrando ao público que não é uma personagem de uma nota só. Mais do que isso, entender o que ela passou e porque ela precisa botar a fachada endurecida. Fechar-se é o mecanismo de defesa primário.

Contudo, a quantidade de ódio contra Rosita é desproporcional. Os detratores de Rosita precisam notar que ela não é a única a agir irracionalmente. Rosita e Sasha, assim como Daryl, precisam entender que agir de forma impensada trará consequências para o grupo. Rosita, tampouco, obrigou Sasha a participar da missão. Enquanto focávamos em criticar Rosita, esquecemos que Sasha está num mindset muito parecido. Sasha já estava pensando em fazer algo similar antes de Rosita pedir a sua ajuda. Foi apenas o empurrão que precisava para agir. Depois, mesmo relutante, Rosita aceitou o plano de Sasha de tentar acertar Negan à distância, o problema é que ela só tem uma chance e Negan está sempre cercado de pessoas.  No fim, Sasha tomou uma decisão que provavelmente lhe custará a vida. Se ao menos Rosita estivesse junto com ela, as chances de sucesso da missão seriam um pouco maiores. Eu espero que as palavras finais de Sasha para Rosita pesem em seus ombros. Rosita precisa entender que ela é essencial para o grupo e reencontrar o seu lugar junto a eles.

O episódio termina em um Cliffhanger e foi filmado para nos fazer acreditar que a silhueta é de Daryl, mas provavelmente é Dwight. Será que finalmente Dwight vai se juntar ao grupo de Rick? “The Other Side” foi um bom episódio, com bons momentos e bons diálogos. Mas não é um episódio inesquecível como foram os dois episódios anteriores.


Notas:

– Eu só quero esclarecer que eu não detesto Daryl. Ele até já foi o meu personagem favorito por um tempo. Eu o critico porque quero que o personagem volte a ser interessante. O melhor momento dele na temporada foi o reencontro com Carol, os diálogos com Morgan e Richard em “New Best Friends”. Eu quero ouví-lo falar, quero que ele se desenvolva como personagem, que aprenda alguma coisa com tudo o que aconteceu.
– Eu ainda acredito em Eugene.
– Finalmente mostraram para o público que Jesus é gay. Chega desse nonsense de shippar Maggie e Jesus, isso é um desrespeito enorme com Glenn.
– E na próxima semana, Oceanside!


Gizelli Sousa

Arquiteta, feminista, prefere uma noite de maratona de séries do que sair para a balada.

Brasília/DF

Série Favorita: The Walking Dead

Não assiste de jeito nenhum: Gilmore Girls, The O.C., One Tree Hill, Girls, Love

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