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Westworld – 1×07 Trompe L’Oeil

Por: em 14 de novembro de 2016

Westworld – 1×07 Trompe L’Oeil

Por: em

“Trompe L’Oeil” é uma expressão francesa normalmente utilizada para desenhos e pinturas que produzem ilusão de ótica. Nada mais apropriado para o que aconteceu no episódio 7 de Westworld. Neste capítulo bombástico, foi mesmo a hora de questionar o que vários anfitriões vêm fazendo há alguns episódios: sabemos diferenciar o que é real do que é criado? E mais: se temos dúvidas sobre o que é real e o que é criado, importa mesmo saber a verdade? A resposta que “Trompe L’Oeil” nos trouxe para a questão é que: não, nós não sabemos diferenciar fantasia de realidade dentro de Westworld e não, isso aparentemente não importa.

Nessa linha de raciocínio, meus aplausos vão para William, que em meio a mais um diálogo em que se despiu frente a Dolores, optou por viver de verdade, mesmo que agora isso para ele signifique viver fora da sua antiga realidade, desfrutando de experiências criadas até então apenas para entretenimento. O personagem vinha num crescente de descobertas sobre si mesmo e acredito que depois de passar por todas as fases de negação, ele concluiu que mentira mesmo era o que ele considerava vida, era o que ele tinha fora do parque. Veio dele também a reflexão mais acertada sobre o real sentido de Westworld: “esse lugar não desperta nosso pior lado. Desperta o que há de mais profundo em nós.” Talvez por isso ele tenha deixado transbordar o sentimento que nutria pela robô desde o dia em que a viu pela primeira vez.

William e Dolores - episódio 7 de Westworld

Enquanto ele e Dolores entram cada vez mais fundo no parque, descobrindo locais até então inexplorados e se confrontando com perigos cada vez mais mortais, não pude deixar de me questionar novamente a segurança dessa brincadeira toda. E nesse ponto, preciso abrir o parêntese 1: Deixamos Logan preso pelos Confederados no episódio 5, certo? No mesmo capítulo, ele quase foi asfixiado por um dos anfitriões. Fiquei me perguntando o tempo todo se, caso ele não estivesse acompanhado, quem o salvaria dessa cilada? Os robôs seriam automaticamente desligados? Ele morreria? Entrar mais fundo no parque significa estar sujeito a morrer?

E em se tratando de viver perigosamente, como não falar de Maeve? A robô provou mais uma vez que seu processo de consciência é mesmo irreversível e foi quase indecente a proposta que ela fez a Felix e seu colega, logo após descobrir o que aconteceu com sua amiga Clementine. Preciso abrir o parêntese 2 aqui também: está sendo muito fácil para Maeve manipular essa dupla de funcionários. Será que é tão complicado pra eles assim provocar um curto nela e interromper essas chantagens? Me pareceu bastante simples a forma como ela apenas por ter informações que comprometem o trabalho de ambos, consiga tudo que quer. É tão complicado mexer nos registros e simplesmente causar uma pane nela? Eles já não mexeram para aumentar algumas características dela? Ou os dois são os dois patetas versão 3.0? Eu pessoalmente gosto muito da personagem, mas confesso que achei bem boba a proposta do roteiro nesse ponto específico.

Maeve e Clementine - episódio 7 de Westworld

E por falar em boba, o que foi aquela demonstração grotesca da Clementine agressiva e sanguinária? A proposta foi tão fake que Bernard, mesmo demitido, fez questão de deixar claro à Theresa que aquele teatrinho armado por ela e Hale não convenceu ninguém, muito menos Ford. E quem pensou que a casa tinha caído pra Robert Ford, precisa começar logo a elaborar nova teoria. O que foi o grand finale que Ford-manipulador-insensível armou pra gente? Meu Deus! Os minutos finais desse episódio foram literalmente de arrepiar. Sofri por Bernard (sim, eu não diferencio gente de máquinas com sentimentos, sorry)! Mesmo tendo desconfiado da índole dele desde o inicinho, foi triste descobrir a verdade. Várias teorias na internet já afirmavam que ele era um anfitrião mais evoluído (assim como falam do Homem de Preto), mas cadê que eu queria aceitar isso?

Quanto à Theresa, assumo que nunca tive simpatia nenhuma por ela. E olha que ela recebeu várias dicas para não seguir nessa linha de atuação. O próprio Ford a avisou para não se meter com ele, pois ele controlava tudo, sabia de tudo. Hale, logo no início do episódio, fala para Theresa a mesma frase que Ford disse no final: “Os deuses exigem um sacrifício de sangue.” Mesmo com todos esses sinais do universo, o que ela faz? Continua articulando e armando contra ele. O resultado não seria bom mesmo, não é? Mas gente, foi péssimo! Que isso! Que encerramento de carreira mais trágico! Fiquei chocada com absolutamente tudo que aconteceu naquela sala.

Bernard, Theresa e Ford - episódio 7 de Westworld

O encerramento de “Trompe L’Oeil” mostrou que a vida no parque é mesmo uma grande ilusão de ótica. E cá estou eu anotando mais dúvidas para a minha lista: as conversas de Bernard com Dolores são orientadas por Ford (que no fundo quer saber até onde a consciência pode levar os robôs), ou são mesmo um segredo que ele conseguiu guardar do seu criador? Hale é uma anfitriã também, colocada no Conselho estrategicamente por Ford, para mantê-lo informado das armações contra ele? Depois que ela e Ford falaram a mesma frase no episódio para a mesma personagem (Theresa), comecei a cogitar a hipótese de que Hale também pode ser mais uma das muitas artimanhas de Ford para perpetuar seu reinado no parque. Teorias a parte, esse episódio nos provou que nada é o que parece ser em Westworld. Ford, WTF? Bernard-versão-humana, sdds! Theresa, já vai tarde! Hughes, você morreu mesmo? E vocês, o que acharam? Contem pra gente!

Imagens: Divulgação HBO


Renata Carneiro

Jornalista, amante de filmes e literalmente, apaixonada por séries. Não recusa: viagem, saidinha com amigos, um curso novo de atualização/aprendizado em qualquer coisa legal. Ama: família, amigos, a vida e seus desdobramentos muitas vezes tão loucos Tem preguiça: mimimi

Belo Horizonte/MG

Série Favorita: Breaking Bad

Não assiste de jeito nenhum: Two and a half Men

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