Intensa e emocionante.
Após um cliffhanger desesperador na season finale da terceira temporada e promos que me fizeram ansiar pelo retorno, eis que The Fosters retorna com uma temática mais do que atual: o fácil acesso à compra de armas de fogo nos EUA, com um adendo de um episódio cru e cheio de nuances sobre um garoto que entra armado na escola, pouco tempo depois do massacre que ocorreu em Orlando numa boate para o público LGBT, justamente um dos temas que recorrentemente a série aborda e trata sobre muito bem. É um orgulho ver o engajamento do elenco, produtores e canal para com a importância que esse episódio traria ao ser exibido (a estréia poderia muito bem ser adiada) e a mensagem de amor deixada por Sherri Saum (Lena) e Cierra Ramirez (Mariana) antes do episódio ir ao ar esclarece muito bem o que a série propõe, o vencimento de todos esses problemas através do amor. O logotipo do canal Freeform também se manteve durante todo o episódio com as cores da bandeira que representa o movimento por quais muitos lutam e sofrem para ter seus direitos. Obrigado, Freeform!
Respirando fundo, como precisei o episódio inteiro, Potential Energy começa do momento em que Nick retira de seu carro o revólver de seu pai e caminha pela escola demonstrando o seu transtorno. O personagem, que sempre trouxe um ar ambíguo e não sabemos muito, além de seu péssimo relacionamento com o pai, era esperado que fosse mais um interesse amoroso problemático para Mariana, realmente é, mas foi surpresa a série optar por essa fase mais sombria e intensa.
O episódio conseguiu construir muito bem a tensão e medo nas cenas em que Nick senta atrás de Mat (seu potencial rival) com a arma na mochila numa aula de Física, ou quando esteve no corredor cheio de estudantes revelando a Jesus que ele era um bom amigo e mais ainda, na cena em que Mariana vai ao encontro dele para explicar o que houve entre ela e Mat, enquanto Nick rodeava Mariana feito um animal com o revólver no cós de sua calça. O efeito que o jogo de câmeras apresentou nessa cena foi justamente aquilo: temer pela vida da nossa latina. Personagem que evoluiu muito durante esses anos e que apesar do ênfase em seus conflitos amorosos durante a terceira temporada, serviu para amadurecê-la. Portanto, é desesperador quando o Código Azul (alguém que entra armado na escola) ocorre e Mariana se vê sozinha nos corredores suplicando para que alguém abra a porta para ela e ninguém o faz. De cortar o coração vê-la trancada no box do banheiro temendo por sua vida, o que nos faz pensar o quão horrível essa situação possa ser.
Enquanto isso, Lena e Stef ainda lidavam com a revelação de Callie sobre sua relação com Brandon quando Mike e o pai de Nick aparecem para apresentar o problema que ocorria. Restou para a garota contar para Brandon que as mães sabiam de tudo, enquanto mantinham-se trancados numa sala com alunos menores supervisionados por um professor substituto totalmente despreparado para essas situações, fazendo com que o ex-casal tenha a difícil missão de acalmar as crianças enquanto conversavam sobre os próprios problemas. Mesmo indicando que seja o fim definitivo do sentimento amoroso que um sente pelo outro, o drama dos dois personagens promete estar longe de acabar.
Em paralelo, temos a retomada da dúvida que Jude se encontra nesse momento referente a sua sexualidade. O fato dele se culpar pelo afastamento de Connor e a morte de Jack, o faz pensar que Deus não o aprova e assim, talvez teremos o personagem em conflito com a religião e sua aproximação com Taylor torna-se o caminho mais fácil. Além disso, tivemos Emma e Jesus se reaproximando e logo veremos o casal retomar o relacionamento.
Registro também, a atuação visceral de Teri Polo (Stef) e Sherri Saum representando a preocupação e temor pela vida de seus filhos numa situação como essa e o fato da série abordar esse lado mesmo que nos mínimos detalhes como os telefones que não paravam de tocar, somente eleva a importância de retratar esse problema social para a série. É emocionante ver Stef correr para dentro da escola ao ouvir o som de tiros sem pensar nas consequências e no seu trabalho como policial, apenas para salvar seus filhos e vê-la retornar com Mariana em seus braços sã e salva, assim como Brandon, Callie e outros milhares de alunos exemplifica o alívio que devem sentir o coração de todas as mães.
No fim, tivemos a SWAT constatando que Nick não estava mais no campus e que o único tiro disparado havia sido do professor substituto que quase colocou a vida de muitos alunos em risco por causa de sua imprudência ao tentar se defender. Mesmo assim, os problemas da família não acabaram e mesmo que achem que em casa estarão seguros, Nick ainda está solto…
É um grande episódio, bem dirigido e que cumpre a sua proposta, sem querer ter mérito nenhum com isso. O trabalho social que a série apresenta é enorme e vê-la apresentar temas como a deficiência no sistema de lares adotivos, transexualidade, casamento gay e racismo, só me faz juntar ao coro que grita para que o mundo conheça e reconheça a qualidade desse show.
Observações:
- A trilha sonora esteve maravilhosa, como sempre. Ajudou muito na construção de todo o clima.
- Meus olhos suaram ao ver Mariana no banheiro numa cena que lembrou muito o episódio Shooting Star, da quarta temporada de Glee, que envolvia a personagem Brittany e tratava sobre o mesmo tema.
- Outras séries também já trataram sobre, como Grey’s Anatomy e One Tree Hill.
- Vale ressaltar que o episódio foi inteiramente gravado meses antes da tragédia ocorrida na boate, em Orlando. Uma coincidência pertinente.
- É impressionante o quanto a série não esquece de seus coadjuvantes, quase todos estiveram presentes, exceto A.J. e Lexie.
- Você vê que ama essa família Adams-Foster quando chora igual uma criancinha ao ver todos se abraçando no fim de toda essa confusão.
Que venha essa fase sombria, que promete muita tensão e perigo para essa família. Comente comigo o que achou desse episódio e nos vemos semana que vem para o segundo dessa temporada que promete ser mais assustador quanto o da premiere.
