Quando descobri o título do episódio dessa semana – Among Us Hide…– ficou claro de que seria revelado o outro inumano presente na equipe de Coulson, que ainda não havia sido identificado. Desde que Simmons viajou ao planeta azul e retornou, percebi uma torcida para que a biocientista fosse a carta da vez, mas em nenhum momento eu realmente acreditei que isso fosse acontecer.

Jemma, assim como Fitz, Mack e Hunter, é um dos elementos responsáveis por trazer humanidade ao time, em meio à confusão de alienígenas, deuses e super heróis. Por mais que isso servisse para dar mais destaque à doce britânica, eu não conseguia ver um cenário em que metamorfose teria acontecido – ainda mais depois dos acontecimentos de 4,722 Hours. (Ainda sobre ele, sei que muita gente gostou, mas eu ainda não engoli a aparição de um novo vértice na relação dela com Fitz…mas ok.).

Não sei se vocês têm a mesma impressão que eu, mas Agent’s of S.H.I.E.L.D. ainda não engrenou a sua história desta 3ª temporada. O promissor projeto dos Guerreiros Secretos está completamente em stand-by e eu tenho ficado com a incômoda sensação de que estava faltando alguma coisa toda vez que a voz de Phil soava para anunciar às cenas “pós-créditos”. Eu já comento que a revelação final do episódio me deixou aliviada, pois não via como persistir no mistério sobre a identidade de Lash por mais tempo.

Essa semana, Agent’s of S.H.I.E.L.D. voltou a apostar no tom de série de espionagem que todos nós amamos e mostrando algumas novas dinâmicas. A trama foi desenvolvida em três frentes: Coulson focado em conseguir mais informações sobre a A.T.C.U. com Rosalind, Sky Daisy e Mack tentando descobrir a verdadeira identidade de Lash e as rainhas May e Bobbi – que finalmente voltou ao jogo – correndo atrás de pistas da HYDRA e, consequentemente, Ward. Antes de mais nada, gostaria de falar um pouco sobre essa especificidade da série:

Depois que Coulson foi alçado ao posto de diretor da S.H.I.E.L.D. pelas mãos do próprio Nick Fury, a personalidade da instituição mudou completamente. Se antes eles agiam até como anti-heróis afim de proteger a humanidade dos perigos desconhecidos, sob a batuta de Phil eles assumiram a conduta de bons moços. A série nunca pareceu interessada em explorar à fundo a moralidade de uma organização de espiões, apesar da S.H.I.E.L.D. historicamente figurar como uma força dúbia, porém eficiente em cumprir seu papel. No atual cenário, sempre que alguém falhou em suas missões não era por conta da falta de habilidade, mas sim por evitar machucar ou magoar alguém que lhes era caro, refletindo o ambiente familiar que se instaurou dentro da base há 50 episódios.

O melhor exemplo disso foi a situação em que Hunter se viu na história, depois que a sua missão para eliminar Ward deu errado. Como todos vimos em Devils You Know, a S.H.I.E.L.D. deixou de prover suporte ao marido de Bobbi para sair em resgate de Andrew, supostamente preso em uma armadilha “mortal” pelas mãos do filho de Von Strucker. Isso impediu o sucesso da missão e ninguém levantou a questão essa semana, apenas culpando o inglês por ter colocado a vida do ex-marido de May em risco em prol da sua sede vingança. Em nenhum momento foi trazido a baila o fato de Ward ser uma liderança da principal inimiga da S.H.I.E.L.D por décadas e, o que aconteceu com o psicólogo seria um risco inerente à sua posição de colaborador dentro da agência. A problemática toda foi como a decisão impulsiva de Hunter levou perigo para um ente querido, a pior atitude que alguém poderia ter em todo o universo. Isso fez com que ele fosse colocado de castigo, excluído das operações, enquanto todos pareciam considerá-lo responsável ao invés de Ward.

Soma-se à isso também o comportamento que Coulson vêm adotando desde o começo da temporada. Parece que a intenção agora é endurecer o personagem, deixando-o um pouco mais próximo do que se esperaria de qualquer figura de liderança que vemos dentro do universo Marvel, ou seja, agindo de forma controversa – sendo que ele nunca foi desses e sempre pareceu se orgulhar disso. Me parece também que a série faz um esforço desnecessário em demonstrar que seus protagonistas são realmente inteligentes, mesmo que nós já saibamos desse fato. Toda àquela dedução de Phil sobre uma manipulação de Rosalind fez os dois parecerem bobos. A segura de si senhora Price precisava mesmo montar uma cena com hambúrgueres e etc para suavizar seu antagonista? Não.

A partir desse ponto também, ficou descartada a possibilidade de Rosalind ser a vilã. Ainda assim, ela continua fazendo coisas realmente questionáveis, ao apreender inumanos e deixá-los em um estado letárgico, dentro de caixas, esperando uma cura. A argumentação de que ela quer mesmo é dar uma chance dessas pessoas encontrarem a cura, já que ela mesmo faria o mesmo com seu marido, caso o mesmo fosse o possível com o câncer que o vitimou, demonstra mais uma vez o desacerto da série em basear as coisas com lastro na emoção ao invés de ser algo puramente inerente de uma organização com o propósito da A.T.C.U.

A afinidade entre os diretores deve causar uma cisão dentro de casa, já que Daisy não gostou nada de descobrir como o governo está lidando com seus irmãos de Terrigênese. Não que eu ache esse drama em torno da condição desnecessário, mas é que esse mimimi pode começar a ficar repetitivo. Repito, a série poderia sim focar na formação da equipe dos Guerreiros Secretos e deixar essa problemática como pano de fundo. Não seria muito mais legal ver como a sociedade iria lidar com a antítese entre o medo e o heroísmo dos inumanos? Algo que pode ser muito bem executado em breve, pois se encaixaria perfeitamente no contexto da cada vez mais próxima e esperada Guerra Civil.

Mas o melhor subplot envolveu mesmo as duas rainhas May e Bobbi. Melinda convoca a Harpia para sair no encalço e Ward, depois do mal sucedido atentado à vida do seu ex-marido – após este ter sido aparentemente salvo por um homem de Coulson. Melinda e a Harpia formam uma dupla maravilhosa e é muito bom vê-las colocando seus talentos em prática. Mesmo que Bobbi tenha hesitado um pouco para voltar a chutar bundas, resultando na divertida dinâmica do cofre, ela logo deixou a diplomacia de lado quando o capanga grandalhão de Grant apareceu para enfrentá-la. Eu me deleitei com toda sequência dela nesse episódio, conjecturando se um dia Odin me daria toda a maestria dela em uma eventual peleja.

Mas o bafão mesmo aconteceu no outro front, quando ao se deparar com um machucado Von Strucker Jr., ao invés de conseguir a localização de Ward, May descobre que Andrew na verdade sobreviveu por ter se transformado em uma criatura monstruosa a.k.a. Lash. Isso explica muito o semblante assustado de Werner ao fugir da explosão e posteriormente tentar sair do radar de Ward.

A revelação confirma a teoria que eu mencionei na resenha de Devils You Know de que o psicólogo teria deixado a mulher no meio da sua segunda lua de mel ao se realizar como inumano. Mas eu não esperava que ele fosse O dito cujo que estava rastreando, julgando e matando os geneticamente modificados por aparentemente não considerá-los merecedores de tal realidade.

Um leitor adicionou o fato de que “Quem poderia julgar se a pessoa é digna ou não de seus dons se não a pessoa que os avaliando psicologicamente?”. Desde quando os inumanos começaram a pipocar por conta da disseminação do elemento terrígeno, ele sempre esteve preocupado com a forma que a S.H.I.E.L.D. planejava utiizá-los e claro, acima de qualquer suspeita. Obvio que tudo isso explica o motivo do monstrengo estar sempre por dentro das operações da agência e também por ter deixado Daisy viva depois do ataque ao comboio da A.T.C.U., afinal ela está mais do que em paz e bem resolvidas com seus dons. Cientes disso, faz todo sentido que ele mesmo questione o mérito da terapia, em sua conversa com Simmons, já que ele estava no lado contrário do divã – e agora da S.H.I.E.L.D.

E você, concorda comigo quanto à resistência da S.H.I.E.L.D. em se assumir como agência secreta de segurança? Ficou literalmente eletrizado com a volta de Bobbi à ação? O que achou da revelação sobre Lash? Fique a vontade para comentar e complementar a review.

Fique agora com a promo de Chaos Theory, que vai ao ar dia 10 de novembro:

Área reservada para Marvelmaníacos:

– A cena da transformação de Andrew em Lash foi bem feita, se levarmos em consideração o baixo orçamento da série (comparando com as outras produções da Marvel, é claro). Pela primeira vez vimos Lash em plena luz do dia e a caracterização está legal sim (eu assisto Once Upon a Time, então tenho uma base de comparação razoável dentro do mesmo canal. rs)

– O filho de Von Strucker já morreu?

– No tocante a HYDRA, tivemos a primeira aparição de um dos figurões do Conselho Mundial de Segurança – que apareceu nos Vingadores (2012). Isso mostra que a organização, mesmo que ainda um pouco latente, ainda está com cabeças bem vivas entre peixes grandes do governo. Certo que o veremos novamente, já que Ward para mim não tem a menor cacife para comandar a dissidência nazista. Tal qual o Capitão América, eu fiquei esperando alguma referência ao roubo da substância equivalente à partícula de Pym, surrupiada por eles em o Homem-Formiga.

– Além disso, Powers Booth tem cara e porte de vilão, além de ser um ator que faz presença. Seria legal e representativo vê-lo dentro de um eventual crescimento da HYDRA – além dele desempenhar mais uma conexão no MCU.

– A dinâmica de Hunter com a já consolidada dupla Mack-Daisy foi divertida. A criticada impulsividade dele se mostrou útil face refinados adotados pelos agentes Johnson e Mackenzie.

– Discordem de mim o quanto quiserem, mas eu estou com um tremendo ranço da Simmons e seu amor por Will.

– Fitz demonstra mais uma vez amar Jemma incondicionalmente, mas será que ele descobriu algo suspeito em suas pesquisas sobre Will? Nos artigos que ele leu, consta que o astronauta trabalha na NASA desde 1997. Sua aparência em 99 é exatamente igual à que vimos no episódio passado, então talvez ele não tenha envelhecido nada no planeta. Lá também estava escrito que ele sempre foi envolvido com ciências, inclusive sendo presidente do clube no colégio e chefe do departamento de astrofísica na faculdade – coisa que ele negou ser próximo para Jemma. Todas as suas missões com agência espacial envolveram conhecimento em engenharia e astrofísica, o que o qualificaria muito mais do que um guarda costa, como ele alegou ser. Logo, se Jemma realmente contou tudo para Fitz, ele já deve estar desconfiado não? Pode até ser verdade que Will Daniels existiu um dia, mas duvido muito (e espero) que ele não seja quem eventualmente cruzará o portal para terra, quando a missão de resgate acontecer.

– Among Us Hide… foi o 50º episódio de Agent’s of S.H.I.E.L.D. Que venham mais 50! Confira o vídeo do elenco aqui.

– Viram que Banks entrou para a força anti-alienígena depois da invasão Chitauri à Nova Iorque, algo considerado compreensível por Mack e Daisy.

– Muito bom ver novamente a utilização de gadgets de espionagem.

– Adorei a May fazendo a mulherzinha em seu disfarce com o gerente do banco nas ilhas Caymã.

– “Don’t die out there” é o “I Love You” do casal Bobbi e Hunter.

– Por que será que Andrew/Lash não considera Lincoln merecedor? Será porque o jovem renegou seus poderes depois da desilusão com Jiaying?

– Ainda acho que A.T.C.U será convolada em S.W.O.R.D. futuramente, braço da S.H.I.E.L.D. nos quadrinhos focada em ameaçar extraterrestres à terra.

– Nos quadrinhos não há nenhum indício de Lash volte à sua forma humana em algum momento. Ele se lança em uma missão para encontrar e avaliar se seus novos irmãos de raça mereceram mesmo passar pela metamorfose enquanto Raio Negro tenta preparar a Terra para lidar com esse aumento. Lash acredita, como Jiaying também pregava de maneira torta, que somente pessoas honradas e merecedoras deveriam passar pela transformação, eliminando aqueles que considerava não se encaixarem nessa perspectiva.

– E, para finalizar…

Ma-ra-vi-lho-sa.