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Gilmore Girls: A Year in the Life – Summer

Por: em 26 de novembro de 2016

Gilmore Girls: A Year in the Life – Summer

Por: em

Spring e Summer não parecem ter vindo do mesmo molde de Winter. E, de certa forma, não vieram mesmo, já que ambos foram escritos e dirigidos por Daniel Palladino, marido da criadora da série, Amy Sherman-Palladino, responsável pelos outros dois episódios do revival.

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Isso quer dizer que Summer foi um episódio ruim? De forma alguma, mas completamente diferente no tom e no ritmo. Embora a história tenha andado um pouco, o sentimento que ficou foi de um episódio filler, em que pouca coisa efetivamente acontece. Mas a verdade é que Gilmore Girls sempre foi um pouco assim, principalmente no meio das temporadas, e se isso já nos rendeu momentos clássicos, normalmente protagonizados pelos moradores de Stars Hollow… Então por que reclamar agora?

O episódio já começou com uma das melhores participações do revival: April Nardini (Vanessa Marano, Switched at Birth). Nunca entendi muito bem as pessoas que odiavam a April. Qual a culpa de uma criança ao tentar se aproximar do pai? Luke sim, fez muita bobagem quando a filha apareceu, e fez questão de nos mostrar que continua não sabendo dividir bem as coisas, ao falar pra Lorelai que só ele, – e somente ele – vai pagar os cursos da filha. Mas, no geral, dessa vez a personagem trouxe um momento bem mais leve à série: impossível esquecer seu olhar psicopata pra cima de Rory, com medo da faculdade, do futuro, da vida. E é claro que a filha de Luke foi parar no MIT, alguém duvidava? A gente espera pro futuro da April grandes feitos, tal qual pro da Rory… Se Logan deixar.

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É incrível como a personagem vira outra pessoa perto dele. Insegura, duvidando de si mesma, se prestando a coisas que ela claramente não fica confortável. A versão da Rory perto do Logan é quase sempre a pior possível. Da mesma forma que Lorelai sempre encarna sua pior versão ao lado do Christopher. E, que me desculpem as pessoas que torcem por ele, mas vocês vão mesmo continuar do lado de um cara que mantém um relacionamento extraconjugal com Rory mesmo estando noivo? Pior, morando com outra pessoa? Odette pode ser uma herdeira fútil e tudo de ruim que é fácil pensar dela, mas ela segue sendo uma pessoa, e não é certo o que os dois fazem com ela. É horrível ver Rory ligando pra Logan no reflexo, completamente insegura, mas é um alívio vê-la terminando com ele pelo telefone, mesmo que fique claro que não será a última vez que veremos o jovem Huntzberger.

Mas se em Londres as coisas não vão bem pra Rory, em Stars Hollow sua vida finalmente começa a andar. Graças a um empurrãozinho de quem? Sim, Jess Mariano está de volta. Rory nunca precisou de um príncipe no cavalo branco, mas um empurrão em certas horas sempre foi necessário e, da sexta temporada pra cá (6×08 Let Me Hear Your Balalaikas Ringing Out), tem sido Jess a lhe dar esses empurrões e colocar a garota de volta no eixo. Os trailers do revival deram a falsa impressão de que os dois trabalhariam juntos na Gazeta de Stars Hollow e, no final das contas, não foi nada disso.

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Tirando a interação mais sem graça da história (Rory nem levanta pra dar um oi pra Jess? Como é isso?), os dois mostram logo como falam a mesma língua e como Jess a entende. Entende tanto que vem dele a ideia para o novo projeto de Rory: um livro sobre a história dela e da mãe. E, por mais que o plot soe um pouco novelesco, é difícil não gostar da ideia de Rory escrevendo sobre tudo que aconteceu na vida dela, de Lorelai e de Emily.

E, por falar nela, quão triste foi vê-la deprimida, sozinha naquela casa enorme, dormindo até meio dia? A melhor coisa da cena no cemitério foi vê-la novamente ativa, com o “modo Emily” ativado, reclamando e colocando tudo em ordem. E se ela precisa de um amigo ao seu lado nesse momento, Lorelai vai mesmo criticá-la por isso? Assim fica muito difícil te defender, Lorelai. Não deixar que sua filha escreva um livro sobre a história de vocês também não te ajuda em nada.

Mas quando Lorelai não está bem, nada dá certo pra ela. E não é mais ou menos assim com a gente, também? Não foi bacana ver Lor e Luke brigando, mas foi bom vê-los colocando tudo o que estava errado pra fora. Luke não é a pessoa mais comunicativa do mundo e, quando Lorelai parte pra defensiva, é quase impossível ver os dois se entendendo. Mas gostei da decisão da Lore de ficar um pouco sozinha, mesmo que pra isso ela tenha tido que apelar pro clichê de Wild, livro autobiográfico de Cheryl Strayed que em 2014 virou um filme estrelado por Reese Witherspoon.

Mas esse episódio foi muito mais de Stars Hollow do que de Rory e Lorelai, – pro bem e pro mal. Ainda não consegui me decidir se amei o musical de Stars Hollow ou se o achei uns 5 minutos mais longo do que deveria. Sutton Foster (Younger) maravilhosa como sempre, ao lado de seu ex-marido Christian Borle (Smash), com certeza já entra na lista dos momentos mais marcantes dessa pequena cidade de malucos. E o que dizer da terapeuta aspirante a atriz de musical?

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O bar secreto também foi um ponto alto de Stars Hollow, onde pelo menos podemos ver Lane e Zack tocando. Por sinal, já estamos a um episódio do final e Lane mais uma vez foi renegada a terceiro plano, – até Kirk teve mais destaque do que ela. Já Michel, além de um marido, também cresceu como personagem ao jogar limpo com Lor dizendo que precisava mudar. Não estou entre os maiores fãs do francês, mas achei lindo o momento de amizade entre os dois.

Guardei pro final o que pra mim foi o pior momento de todo o revival: as cenas da piscina. Sim, Gilmore Girls sempre foi um pouco gordofóbica. Mas lá em 2000, quando a série estreou, essa palavra nem era de uso comum. Pouca gente via “piada de gordo” como algo errado e era natural (embora intelectualmente limitado) que vira e mexe rolasse algo assim. Mas estamos em 2016. O mundo mudou, o humor evoluiu. Certas coisas que eram consideradas “normais” hoje são amplamente encaradas como preconceito e me chateou bastante ver Lorelai e Rory repetindo discursos vazios sobre corpos gordos nus. Alguns podem argumentar que elas estavam vestidas e que o problema delas era com qualquer um com uma sunga ou biquíni pequeno, mas todos os personagens para os quais elas viram a cara são gordos e nada justifica isso. Nada. Vocês são muito melhores que isso, Gilmore.

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Mais sem graça do que isso só a turma dos 30 e poucos anos, mas essa pelo menos não ofende ninguém.

Mas vamos terminar essa review com o que há de melhor, certo?

“O mundo é um lugar terrível
Tem spam e terrorismo
Poltronas estreitas de avião
Novos vírus estranhos
Letrinhas minúsculas
E regatas
Qualquer coisa de Jeff Koons
Spam… Não a comida
Coques samurais
Os ocupantes… Radiciais!
O preço do vinho no restaurante
E Putin
E Putin
E Putin
Como não amar a cidade de Stars Hollow?
Com suas luzes cintilantes
Pessoas amigáveis
Amplo estacionamento e campanário histórico
O pôr do sol aqui é o melhor
As crianças são adoráveis
Nosso sistema de esgoto é novo
Nossas leis de coleira são executáveis
Então, como não amar a cidade de Stars Hollow?
Hollow
Hollow
Hollow
Hollow
Nós amamos tudo na cidade de
Stars Hollow
Stars Hollow”

Melhor que isso, só a referência à Game of Thrones: Khaleesi is skeaking. Rory diva.


E você, já terminou a maratona? Já já a review do quarto e último episódio, Fall, está por aqui também.


Cristal Bittencourt

Soteropolitana, blogueira, social media, advogada, apaixonada por séries, cinéfila, geek, nerd e feminista com muito orgulho. Fundadora do Apaixonados por Séries.

Salvador / BA

Série Favorita: Anos Incríveis

Não assiste de jeito nenhum: Procedurais

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