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Homeland – 5×10 New Normal

Por: em 10 de dezembro de 2015

Homeland – 5×10 New Normal

Por: em

Passamos metade da temporada achando que a trama de Quinn com os jihadistas era quase um filler, e o plot dos russos era o grande mote da série. Bastou um episódio para inverter completamente a situação, e esse movimento foi tão maravilhoso quanto péssimo.

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Ou vai me dizer que não foi um total anti-clímax tudo o que houve com a Allison em New Normal? Desde o vazamento dos dados lá na premiére, tudo foi se desenhando para contar a história o grande plano dela como agente dupla. The Litvinov Ruse foi excelente em colocar enfim a ruiva contra a parede e expor sua identidade para a CIA, mas em um momento em que só parecia restar duas alternativas – acreditar na versão dela ou prendê-la – a série tomou um rumo diferente que, embora seja o mais realista, não foi a melhor escolha criativa para o momento.

Eles sabem que Allison está mentindo, mas ela tem uma história convincente e assumir que eles foram enganados por todo esse tempo comprometeria a CIA diante do mundo inteiro, caso a informação vazasse. Adal mais uma vez entrou em cena para jogar a carta da diplomacia, que parece resolver sempre todos os problemas de Homeland. É óbvio que Allison não vai deixar barato, e o sinal dado para a senhorinha do cachorro deve ter colocado um alvo nas costas de alguém. Carrie? Saul? Adal? Alguma mega operação? Aí, é o que veremos.

Homeland não tem medo de tocar em assuntos de difícil digestão, pelo contrário, ela arregaça feridas que ainda não cicatrizaram direito, doa a quem doer. Ela já fez críticas ferrenhas ao governo americano, ao EI, aos russos e não se furta de usar notícias reais para contextualizar sua ação. Enquanto o movimento comum é adiar filmes, episódios de séries e até mesmo excluir material sensível quando ele remete a algum fato sensível, ela vai na contramão e exibe sim episódios falando sobre terrorismo enquanto todo mundo chora por Paris, e como se não bastasse, ainda cita o atentado algumas semanas depois – de forma sutil, é verdade, mas está lá. E nada parece gratuito, nada é simplesmente para chocar, nada é uma afronta. Homeland é simplesmente corajosa.

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Ao mesmo tempo em que lidar com o mundo real é um dos maiores charmes da série, às vezes ela se torna dura demais pela ausência de elementos lúdicos e saídas narrativas criativas. Política internacional é um assunto pra lá de complicado, e a grande maioria dos conflitos não chega a se transformar em guerra porque existe alguém para articular a coisa toda nos bastidores. Mas toda vez que se chega a um beco sem saída, eles dão essa cartada. Não sabe o que fazer com Brody? Façam um acordo entre os governos e enforquem o moço. Não sabem como resolver o caos no Paquistão? Façam um acordo com os terroristas e joguem panos quentes no atentado à embaixada. Uma espiã russa na CIA? Não pega bem explanar, deixem como está e ainda peguem informações úteis. Poxa, com um desenvolvimento tão emocionante, por que eles gostam tanto de finais políticos?

Quinn precisou aparecer morrendo em rede nacional para que os outros personagens se lembrassem que ele estava – ou pelo menos deveria estar – vivo. Ver a suposta morte dele no último episódio já tinha sido pesado, mas a repetição daquelas cenas me deixou mal de verdade. Mal pelo personagem, que sofre tanto que nem sei como ainda está vivo, e mal por imaginar todas aquelas crianças, todos aqueles civis que foram vítimas do Sarin em 2013. Ver a versão limpinha dos jornais nem sempre é suficiente para ter dimensão do que é o terror, ainda mais quando não se é o tipo de pessoa que fica catando vídeos na internet sobre o assunto. E como disseram, o terror agora é o default, o novo normal.

O plot dos jihadistas andou absolutamente descolado de tudo até agora, mas no momento em que deslanchou, ele funcionou como um ímã que atraiu a ação e a atenção de todos os núcleos. A turma do Otto, a CIA, Carrie, Astrid, Allison e os russos… tudo que parecia meio flutuando a temporada inteira se encaixou aqui, e agora sim dá pra ver o quadro inteiro, agora sim eles parecem dançar ao som da mesma música, e é uma música ótima!

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Tão perto do final da temporada, não há tempo para enrolações, mas há tempo suficiente para desenvolverem a trama do atentado a Berlin sem correria. Foi maravilhoso ver Carrie “resgatando” Quinn daquele túmulo eterno de sarin que era pior que a própria morte, mas fico imaginando que sequelas o personagem vai carregar daqui pra frente. Ele foi danificado demais durante essa temporada, simplesmente o jogarem de volta à ativa como aquele assassino mega eficiente não vai convencer.

Algumas observações:

– Tenho mania de ficar imaginando em que partido cada personagem votaria se fosse aqui no Brasil. Hoje acho que descobri o partido da Laura.

– Saul jogando a Allison na parede me lembrou um pouco uma das cenas finais de Gone Girl. Apesar de tudo o que ela aprontou, achei que ficou bem feio pra ele.

– Já estava achando que o amiguinho do Quinn lá era um baita de um sonso, mas na verdade tudo fazia parte do plano do primo dele.

– Será que foi o Saul que entregou o dono da lojinha para a polícia? Muito estranho aquilo tudo.

Habemus 6ª temporada!

– A partir da próxima semana, o Alexandre ficará responsável pelas reviews de Homeland, então essa é a minha última! Não acredito que a história vai começar a pegar fogo logo quando eu vou sair de férias! Pô, Romelandia!

Curtiu o episódio? Algum palpite sobre o que era o sinal de Allison? Acha que a CIA vai conseguir deter o ataque ou será um dejá vu de 13 horas em Islamabad? Deixe seu comentário!


Laís Rangel

Jornalistatriz, viajante, feminista e apaixonada por séries, pole dance e musicais.

Rio de Janeiro / RJ

Série Favorita: Homeland

Não assiste de jeito nenhum: Two and a Half Men

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