Uma das maiores qualidades de Orange is The New Black é contar diversas histórias dentro de um episódio e conduzir seus personagens em temas que são tratados em um único episódio – geralmente, explorados através dos flashbacks – e plots que são desenvolvidos durante toda a temporada. No entanto, Piece of Shit se destaca por deixar essa fórmula de lado e se apoiar na ideia de ação e reação para mostrar todos os lados da história de Nicky Nichols e Luschek.
A última vez que vimos Nicky, sua vida estava prestes a piorar drasticamente. Caputo tinha encontrado os pacotes de heroína, Luschek colocou toda a culpa em seus ombros e ela foi enviada para a segurança máxima. Mas ela conseguiu se manter na linha e, mais importante, sóbria frequentando reuniões do AA, contando todos os estados americanos, se mantendo longe de pessoas como Stella (que apareceu como um eater egg em filme de super herói) e mandando cartas com insultos para seu ex-parceiro no crime. Logo, a última imagem da detenta nesse episódio é de partir o coração. Nicki abre a mão da sua sanidade e sobriedade depois do encontro com Luschek, que de certa forma, foi uma cena mais dolorosa do que ver Nicki “comprando” cocaína.
A falta de consciência de Luschek sobre uma regra simples da vida é revoltante. Para tudo o que você faz tem uma consequência e entender isso é essencial. Durante a conversa, fica evidente que Nicki sabe que é culpada pela situação em que se encontra e que por isso deve lutar para sobreviver da melhor forma possível. Luschek, no entanto, não compreende que ele tem que viver com a culpa por prejudicar a vida de uma pessoa e que sua postura “tô nem aí” para a vida não vai confortá-lo em uma situação difícil. Mas felizmente, OITNB conseguiu ensinar outra lição preciosa para Luschek: nada vem de graça em Litchfield. Judy King não conseguiu a transferência de Nicki para a prisão à toa.
Além do importante retorno de Nicki, Piece of Shit é lotado de informação, e foi difícil não sentir que o episódio ficou sobrecarregado e que algumas histórias ficaram deslocadas – como o romance de Poussey e Soso. Mas essa necessidade em aglomerar muitos plots é compreensível, o sexto episódio marca a metade da quarta temporada e é importante retratar as diversas histórias que vão continuar a ser desenvolvidas.
Entre elas, a disputa entre Piper e Ruiz pode chegar a um nível que a loira não está preparada. Às vezes, eu tenho esqueço um pouco de como a Piper se comporta e tenho a esperança que ela vai finalmente fazer algo de bom. Quando eu vi a cara de assustada com o grupo que “luta pela opressão das brancas” que ela criou em “We’ll always have Baltimore”, acreditei que tentaria se afastar dessa loucura. Mas aconteceu o contrário, Piper se beneficiou da situação e entregou a adversária a Piscatella. Ruiz não ficou nem um pouco feliz com os anos extras que ela ganhou na prisão e a vingança é uma questão de tempo.
Outra história que pode ter caminhos mais dramáticos é o de Sophia. Nicki conversou um pouco com Sophia e, apesar de não conseguir ajudar como queria, tentou animá-la e pediu para ela tentar se manter sã. Mas o objetivo dela é sair da solitária de qualquer forma e pelo sangue na parede, ela está disposta a tudo.
Algumas observações:
– Levanta a mão quem acha que a ideia dos cursos do Caputo vai dar errado? o/
– Sabe o que é melhor do que a fama? Pizza, margaridas, marcadores perfumados, qualquer animal…
– Muito interessante a forma que o relacionamento entre Abdullah e Cindy está se desenrolando e mais interessante é elas encontrarem um momento de paz criticando outras religiões.
– A conversa sincera entre Lolly e o Mr. Healy sobre saúde mental foi mais tocante que o episódio Doctor Psycho inteiro.
– Quem está colecionando gifs para usar em discussões raciais no Facebook? “Você é um homem branco e hétero. Você não é a vítima, docinho.” pode acabar com o argumento daquele primo chato, hein?
E você? O que apertou mais seu coração nesse episódio? Nicki? Sophia? Vem chorar comentar junto a gente!
