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The Walking Dead – 6×04 Here’s not Here

Por: em 3 de novembro de 2015

The Walking Dead – 6×04 Here’s not Here

Por: em

Depois de um início de temporada completamente alucinado, The Walking Dead reservou o episódio dessa semana para sair completamente do arco proposto nesse início de ciclo para contar o que aconteceu com Morgan para transformá-lo no mestre Jedi que salvou Aaron e Daryl – com a prerrogativa de que toda (TODA) vida importa.

Quando terminamos de assistir o traumático Thank You, já sabíamos o que nos esperava a seguir. Ficaríamos 15 dias sem uma resposta definitiva sobre o que aconteceu com Glenn e a caçamba mais comentada dos últimos tempos. Então não foi nenhuma surpresa o episódio assumir um tom contemplativo já característico da série para aprofundar a jornada de Morgan Jones.

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Ao longo dos arrastados 90 minutos, Here’s not Here se preocupou em fazer uma análise super detalhada da escalada do personagem do fundo do poço que o vimos na terceira temporada – quando ele nem foi capaz de reconhecer Rick – ao topo da montanha existencial em que ele se encontra atualmente – sendo basicamente uma sequência de Clear. Não posso dizer que eu me decepcionei, pois foi exatamente o que eu esperava. Também não posso afirmar que a inteiração foi desnecessária, porque esse homem é sim muito importante dentro do universo criado por Robert Kirkman. Acho que posso reclamar somente do momento ingrato em que encaixaram essa explanação. Depois de tudo o que aconteceu, nós queríamos tudo – menos um episódio focado somente em uma pessoa. Mas OK, questão superada, será que o que Morgan viveu realmente justifica a personalidade que ele assume hoje?

Depois de perder mulher e filho para o apocalipse ( Dwayne inclusive foi morto pela mãe zumbificada), Morgan pegou a pessoa que ele era e enterrou bem fundo dentro do lugar mais nebuloso da sua mente. Ele saiu em uma peregrinação para limpar todo e qualquer tipo de “vida – entenda-se coisa que se move – que aparecesse na sua frente. Vivos ou mortos, ninguém deveria ter a oportunidade de seguirem em frente sem ser uma afronta ao próprio Morgan: os primeiros por ao continuarem sua jornada pela sobrevivência, comprovam que ainda é possível ter esperanças e os outros por serem a razão de tudo estar como está. O aqui não é mais aqui e o mundo não é mais mundo, porquê então se preocupar com qualquer coisa que não seja se degradar ainda mais?

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Ainda em sua destrutiva caminhada, Morgan se depara com uma singela cabana e uma cabra, guardadas por um homem completamente diferente de tudo o que se poderia encontrar em um mundo perdido como aquele. Eastman não matou o invasor, mesmo ele tendo apontado sua arma para ele – muito pelo contrário, o misterioso homem proveu casa (cela), comida e roupa lavada. Nada disso faz sentido para um alguém tão avariado quanto Morgan. Qualquer empatia para com ele é quase uma afronta à tudo o que ele viveu. Tão incompreensível que, assim que teve a oportunidade, implorou para ser morto por não conseguir suportar qualquer panorama em que uma vida é possível.

O motivo? Eastman não viu sua vida se destroçar depois que os mortos começaram a sair andando por aí, mas antes. Como perito forense, ele teve contato com uma sorte enorme de doentes e psicopatas, até se deparar com um que acabara com tudo que lhe era caro. Ele então passou por momento parecido com o de Morgan antes de tudo acabar, quando decidiu fazer justiça com as próprias mãos e matar o tal Crighton Dallas Wilton com todos requintes de crueldade possível, para que talvez isso trouxesse algum tipo de alento frente à tudo que ele perdeu – mais foi completamente o oposto.

Na sua revolta, Eastman não encontrou nenhuma paz e, ao perceber que um apocalipse havia começado, ele então conseguiu consolo mesmo em um desenho que sua filha havia feito na parede de sua antiga casa. Da filha também ele pegou o conselho de começar à se cuidar e descobriu o Aikidô, que foi o que manteve salvo até então. Essa modalidade de luta, assim como outras artes marciais, foi construída em cima de uma densa filosofia de vida, onde sua integridade e do seu oponente são equivalentemente importantes.

Morgan foi muito sortudo em cair de paraquedas naquela casinha, mas enfim, tudo é possível em um apocalipse zumbi. Quando ele então passa à ser um aprendiz da doutrina do Aikidô, sua relação com Eastman vira quase que simbiôntica, onde o homem que outrora perdeu tudo e se reencontrou ajudou o outro a trilhar o mesmo caminho. Eastman foi um personagem que infelizmente estava fadado à passar o bastão (literalmente) para Morgan, mas que achei extremamente agradável de conhecer (apesar da vibe sonolenta de Here’s not Here.), fazendo o amigo entender toda vida é preciosa.

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O grande problema é que o ex-perito poderia, talvez, sobreviver como estava vivendo sem nunca mais tirar uma vida. Mas Morgan, na presente linha temporal, ainda não tenha o direito de clamar estar no mesmo patamar do seu mestre. Mas Eastman acreditou que ele valia a pena, mesmo quando o próprio havia desistido de si mesmo, e isso foi o que salvou sua vida e o fez reencontrar com Rick – então como ele pode não dar uma chance até para o mais sanguinário dos Wolves? A transformação de Morgan é sim muito interessante, pois todos pensamos que ele tinha matado aquele lobo no final do cardíaco JSS. Mas não, ele está lá vivinho da silva e tal qual o Crighton Dallas Wilton de Eastman, ele prometeu acabar com a vida de Morgan – algo que deve tornar ainda mais difícil para o nosso último mestre do ar dar cabo no serviço – afinal, ele não deixou a porta aberta.

Não sei vocês, eu consigo dar um pouco do meu braço a torcer depois de conhecer a história toda. Morgan mesmo sem matar é um homem efetivo em combate e, talvez essa sua prerrogativa seja sim muito necessária em algum momento. Enquanto o resto não quer saber, fazendo de tudo para sobreviver, ele salvou a vida de Daryl e Aaron– quando eles não tinham mais nenhuma saída possivel (Alô Glenn!) – por conta dessa filosofia Aikidô que ele tomou como verdade.

Mas vai chegar um momento em que ele não terá escolha, quer dizer, poderá escolher quem matar. Se Morgan tivesse que escolher, o que faria? Se não houver mais nenhuma alternativa que não matar um Wolve para, por exemplo, salvar Carl ou Judith? Valorizar a vida do próximo não é algo muito fácil à se fazer no mundo corrompido de The Walking Dead. Ao deixar o maníaco trancado, é claro o atrito moral que está acontecendo dentro da cabeça do homem, então pode ser que ele mesmo abra aquela porta e dê o golpe de misericórdia final no assassino.

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Mas, acho que um dos pontos mais enérgicos e representativos de Here’s not Here foi escutar os gritos desesperados de Rick para abrirem os portões no final do episódio. Foi um mega alento saber que o policial vai conseguir sair daquela situação desesperadora em que ele se encontrava ao final de Thank You – e, muito provavelmente estará trazendo uma horda de walkers ao seu encalço na direção de Alexandria. Juro, mesmo com o tempo se arrastando, se decidissem colocar mais uma horinha a partir desse momento eu nem ia reclamar. Estamos sedentos para ver nossos protagonistas vivos e muito bem depois de tudo… Mas para isso vamos ter que esperar até domingo.

Fique agora com a promo de Now, que vai ao ar dia 8 de novembro:

Fiquem a vontade para dividir os seus pensamentos comigo nos comentários. Ficaram muito decepcionados com o episódio ou abraçaram a história de Morgan?

Observações:

– As redes sociais lamentaram muito a morte da cabrinha. R.I.P Thabita, você nunca será esquecida.

– Viram que Eastman disse que Morgan iria segurar um bebê novamente. Isso explica a expressão dele ao pegar Judith no colo na season premiere.

– Vimos alguns dos itens que apareceram essa semana antes. Na temporada anterior, quando Morgan encontrou a igreja do Padre Gabriel (Morra!), ele colocou algumas coisas no altar: Os Googoo cluster de Eastman, o pé de coelho da filha dele e a bala que o casal salvo por Morgan deu em agradecimento.

-Pessoal tirou o nome de Steve Yeun dos créditos de abertura, porém a sobrevivência de Glenn é quase certa. Não curto essa Jon Snowzificação do personagem.

The Walking Dead continua brincando com o tempo, como prometido antes da 6ª temporada começar. Será que finalmente os pontos vão se encontrar?

– John Carroll Lynch foi uma grata surpresa essa semana.


Lívia Zamith

Nascida em Recife, infância no interior de SP e criada no Rio. Vivo e respiro Séries, Filmes, Músicas, Livros... Meu gosto é eclético, indo do mais banal ao mais complexo, o que importa é ter conhecimento de causa.

Rio de Janeiro - RJ

Série Favorita: São muitas!

Não assiste de jeito nenhum: Friends (não gosto de sitcoms)

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