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Amy Sherman-Palladino fala sobre o revival de Gilmore Girls

Por: em 2 de dezembro de 2016

Amy Sherman-Palladino fala sobre o revival de Gilmore Girls

Por: em

Spoiler Alert!

Este texto contém spoilers pesados,

siga por sua conta e risco.

Amy Sherman-Palladino finalmente fala sobre Gilmore Girls: A Year in the Life e a polêmica sobre as 4 palavras finais com o TV Line e a gente conta tudo pra você!

Contém spoilers: se você ainda não viu o revival, foge!

 

O plano original era Rory engravidar logo após a faculdade?
Sim, com mais ou menos 22 anos.

O que é muito diferente de Rory grávida aos 32. Vamos primeiro falar sobre o plano original, que faria Rory uma mãe bem jovem e potencialmente solteira.
Eu sempre quis que a história acabasse com esse tom de “a vida se repete”. A filha que segue os passos da mãe. Sempre achei que era um modo interessante de seguir, com essas mulheres que são tão próximas e que fazem escolhas um pouco diferentes, mas acabam se encontrando em situações interessantes juntas. Porque elas não são como qualquer mãe e filha normais. Eu não faria Rory uma mãe adolescente. Mas eu pensei que faria sentido depois da faculdade e logo antes dela embarcar nessa vida que ela planejou.

Aliás, a Rory não precisa manter o bebê. Ela pode fazer escolhas. É apenas uma curva que a vida acaba jogando na gente. Eu confesso que, estranhamente, eu gostei muito mais agora. Eu ainda acho que seria legal fazer na sétima temporada. Eu ainda ouviria fãs gritando por aí. Mas há algo sobre Rory ter a mesma idade que Lorelai quando a conhecemos no piloto que construiu uma simetria e um significado muito maior. E o fato da Rory ter seguido toda essa jornada tentando descobrir o que diabo vai acontecer com a sua vida e pensa: “ok, eu consegui”. E depois, “nãããão, eu não consegui”.

Então você não tinha intenção de deixar as coisas com um cliffhanger?
Não. O legal dessas mulheres é que a vida continua. E continua mudando. Eu gosto que terminamos com a Emily calma e resolvida. Lorelai, no momento, está calma e resolvida. E Rory está, “puta merda, que diabo?”. Isso é mais real do que se todas as três tivessem um final lindo e todas fossem pra casa com um unicórnio.

Por sorte, a sétima temporada não estragou os seus planos.
Certo. Quando eu e Dan começamos a escrever essas histórias, nós não sabíamos como a sétima temporada tinha acabado. Então não fazíamos ideia se eles tinham feito algo assim. Rory poderia ter uma gravidez no susto na sétima temporada. Eles engravidaram a Lane, o que foi a única coisa que eu fiquei um pouco desapontada.

GILMORE GIRLS

Durante o verão, você nos contou que os roteiristas que fizeram a sétima temporada escreveram algo que você queria fazer no revival. Era a gravidez de Lane?
Sim. Essa era a única coisa. Era uma história muito válida. Não estou dizendo que foi mal executada. Foi só uma coisa que eu eu pensei: droga. Eu preferia que Lane não tivesse filhos, porque nos daria mais opções. Uma coisa que não poderia ter acontecido com Lane e Zack era serem pais de merda. Então, tendo filhos, significa que eles continuariam em Stars Hollow. Mudou levemente as coisas. Eles ainda são do rock n’ roll. Eles ainda são os pais legais. Mas a história da Rory eles deixaram totalmente aberta pra mim, o que eu fiquei muito feliz. Eu estou muito satisfeita com o final.

Não é surpresa que o final deixou os fãs querendo mais.
Não. O velho ditado é que nós sempre queremos deixá-los querendo mais. Você não quer que alguém assista a algo que você trabalhou tão duro pra concretizar pensando: “ok, acabou”.

Então, sobre isso, o que é preciso para ter outro revival?
Ninguém está falando sobre isso agora. Estamos todos muito cansados. Eu preciso terminar um piloto da Amazon, que estou muito orgulhosa. Eu e Dan estamos nessa vida de Gilmore há um ano e meio. Tem sido muito intenso. Então estamos dando um tempo agora. Estamos felizes que saiu e que podemos falar sobre ele.

Mas você não está desconsiderando.
Eu não desconsidero nada na minha vida. Quando as pessoas falavam de um filme das Gilmore (logo que a série original acabou) eu pensava que isso não iria acontecer. Mas eu não diria não. Porque… por que dizer não pra qualquer coisa?

Já passou pela sua cabeça o que viria pela frente?
Não. De maneira alguma. As pessoas me perguntam sobre o que a Rory está escrevendo o livro e eu digo: eu não faço a menor ideia. (risos)

Você sabe quem é o pai do bebê da Rory?
Sim. E não estou tentando ser misteriosa. Muito sobre Rory acabou se resumindo em Team Dean, Team Jess e Team Logan, e Rory era muito mais do que seus namorados. Seus namorados eram maravilhosos e tivemos atores incríveis. Mas os meninos estavam lá pra apoiar Rory no momento que ela estava passando na vida e por qual pessoa ela era naquele momento. Romance é divertido. Eu entendo. Olha, eu shippava Angel e Buffy. Eu chorei muito quando ela mandou ele pro inferno com uma faca (risos). Eu entendo. Mas eu sinto que as pessoas dão muito mais foco pra vida amorosa da Rory. E eu não queria que esse momento fosse sobre um garoto. Era um momento de “estou passando por isso agora na minha vida”. É um momento “ah merda” de Rory. Sua discussão com a Lorelai será sobre o que fazer, pra onde ir daqui em diante? Não será sobre “eu não acredito que engravidei desse cara…”. Então não estou sendo misteriosa. Eu só quero manter o foco no ponto certo da história. Não é sobre o garoto. É sobre ela.

Ok, última pergunta sobre o garoto: podemos desconsiderar Paul?
Acho que não dá pra desconsiderar ninguém. Acho que há grandes indicadores. Mas você não deveria desconsiderar ninguém.

O casamento de Lorelai e Luke no dia 5 de novembro – algum significado sobre ser logo antes da eleição?
As pessoas estão indo muito além com a data desse casamento. Para ser totalmente honesta, nós colocamos antes das eleições, mas não tem nada além disso. É muito difícil pra mim falar sobre essa eleição sem pensar cinicamente que o mundo vai acabar. Agora eu digo pra mim que há 50/50 de chances do mundo acabar e acho isso alto. Não poderíamos ter imaginado que o mundo ficaria louco e Trump seria eleito. E não queríamos focar na Hillary porque e se ela não ganhasse? Esses filmes foram escritos muito antes das eleições, então era esquisito prever o que aconteceria em novembro. Se estivéssemos errados, o revival teria um marco político no tempo. E não queria isso.

Nós finalmente conhecemos o Sr. Kim. Por que?
Apenas achamos que seria engraçado. Nos fez rir o fato que, muito casualmente, eles estavam acenando pro Sr. Kim. Ele estava lá o tempo todo e ninguém percebeu.

Emily não estava no casamento de última hora. Mas ela vai ao real, certo?
Sim.

A história de Rory e Logan – foi intencionalmente paralela à história de Christopher e Lorelai?
Sim.

Como Rory conseguiu arcar com tantas viagens internacionais?
Milhas. Quando você viaja muito, acumula milhas. Ela está viajando no econômico e usando suas milhas. Nós não focamos muito em dinheiro porque, francamente, eu não acho que ninguém está preocupado se Rory vai passar fome. Entre Emily, Lorelai… Logan… tinha tanta gente na sua vida que não deixaria ela sem nada.

Quem mandou aquela carta horrível pra Emily?
Não foi Lorelai.

Isso é um grande mistério.
É um grande mistério, mas você conhece Emily e muita gente poderia ter enviado aquela carta à ela. Poderia ter sido um ex-empregado. Um vizinho. Uma rejeitada no DAR. Mas não foi Lorelai. Isso que é tão incrível sobre família. Você não resolve nada. E mesmo se Lorelai tentasse provar que não foi ela usando exemplo de letra de mão, Emily nunca acreditaria que Lorelai não mandou pra ela – não importa o que ela faça. Isso é família.


E aí, o que acharam da posição de Amy sobre tudo que rolou no revival mais esperado da década? Comenta com a gente e não deixe de ler nossas reviews de Winter, Spring, Summer e Fall.


Julia Sebber

Amante dos dramas da vida real, assiste qualquer coisa que tenha serial killers e/ou familiares juntos em causas sociais.

São Paulo

Série Favorita: Parenthood

Não assiste de jeito nenhum: The Walking Dead

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