Se o fundo do poço existe, Jessica Jones chegou nele. Devastada depois de sua última e reveladora conversa com Luke, o sétimo episódio focou em mostrar o estado emocional em que se encontrava nossa protagonista – meio que morrendo por dentro. Todos os seus planos falharam até então, sua tentativa de relacionamento foi um fracasso por se basear em mentiras e o homem que um dia dominou sua mente continuava a espreita, só esperando uma oportunidade para voltar a tona. Se tudo isso não bastasse, a trilha de sangue atrás de Jessica aumentou, sendo o catalisador de tudo que vimos nesses 50 e poucos minutos.
Brandon não foi um personagem relevante, sejamos honestos. Com aparições tímidas, ele servia como um irritante lembrete de tudo que Jessica odiava na sociedade: a sensação de posse que um ser tem sobre o outro. Por isso que não soa nada estranho quando ele declara seu amor pela personagem, afinal Jessica simboliza diretamente a liberdade que ele não encontrava dentro de casa. E aqui ele entrou no lugar errado, na hora errada. Seu encontro com Kilgrave foi o suficiente para atiçar a fúria do vilão, que não perdeu tempo com ameaças ou jogos de barganha. Brandon foi cruelmente assassinado e deixado como um lembrete claro para Jessica sobre quem está realmente no comando daquela batalha. Não é estranho pensar que ela se viu sem saída. Kilgrave esteve dentro da sua casa, já atingira tantas pessoas, fazendo com que, literalmente, qualquer um pudesse ser o próximo. É difícil conviver com a ideia de que sua existência ameaça a daqueles que você ama, levando ao plano bastante impensado de se colocar dentro de uma prisão de segurança máxima.
Tudo que segue daqui são consequências diretas da jogada de Kilgrave. E até entendo a questão da segurança em uma prisão daquele porte, toda a dificuldade que o inimigo de Jessica teria para chegar até ela, mas convenhamos que para alguém que controla mentes, o céu é o limite. Mas a nossa quase heroína estava completamente cega. Malcolm teve de juntar esforços com Trish para tentar aliviar a barra da investigadora, que mesmo assim acabou seguindo com o que tinha idealizado até o fim. A sequência dentro do distrito policial ficará como uma das marcas da série, sem dúvida alguma. Desde a cabeça sendo entregue na mesa do investigador, até todos apontando as armas uns para os outros, você fica sem respirar. Tennant dá as caras, mas agora não se esconde ou tenta fugir. Se coloca diante de Jessica e declara o seu deturpado “amor”. Kilgrave manipula quem quer e faz o que quer com as pessoas, por isso toda a sua dificuldade de lidar com o afastamento de Jessica, com o fato dela ter deixado ele para trás.
É basicamente uma sensação de que ele é Deus, fazendo de todos os outros pequenos marionetes para os seus propósitos. Diante daquele caos, Jessica até tentou se render, parar com aquela loucura – mas o vilão não que quer ela venha para o seu lado por obrigação, mas sim por escolha própria, o que mostra sua total insanidade. E depois de tanta tensão, todos caem em uma risada exagerada, que mostra o quão patética é a vida da nossa protagonista: sem escolhas, sem nada. Achei que ela tentaria finalizar com sua vida em algum momento, mas isso não aconteceu, ainda bem. O que me deixou muito surpreso foi ver ela se “entregando” para ele depois de encontrar um diário de adolescência que ele deixara como presente em seu escritório. Apesar de não termos explorado muito do passado de Jones, a casa onde Kilgrave se alojou tem uma ligação direta com o crescimento a personagem e seus primeiros anos inserida na família de Trish.
Mais uma vez ressalto a profundidade que Trish pode ter nessa história. Tivemos mais uma prova de que seu passado não foi dos melhores, o que pode ter a ver com os relacionamentos conturbados de sua mãe – que de besta não tem nada, não é mesmo? Além disso, a personagem ainda está inconformada com a maneira que atrapalhou a missão de capturar Kilgrave e busca por meios de colocar Jessica mais perto dele – meios inúteis, agora que sua amiga se entregou. Podemos questionar nesse momento a conduta de Will, que colocado para seguir as pistas de Trish, não revelou o que tinha encontrado – o que pode ser um indício de que ele quer se vingar pessoalmente das coisas que o vilão o fez fazer ou então que está jogando para um lado desconhecido da trama até aqui. O importante é que agora tudo pode acontecer.
Kilgrave não poupará esforços para manter Jessica debaixo de sua asa e ela, por sua vez, deve ter pensado em alguma maneira de expor as perversidades do controlador de mentes. Chegamos a metade da temporada e as peças estão posicionadas para o ataque. Estamos aguardando o próximo movimento.
Ah, não poderia me importar menos com o divórcio da advogada, por isso nem me dei ao trabalho de falar sobre.
O Apaixonados por Séries também está louco com essa estreia e vai maratonar com você! Quantos episódios será que você consegue ver? Vamos longe e você vai comentando com a gente, beleza? Fica de olho nas atualizações e a gente se vê em breve!
Confira também as reviews de AKA Ladies Night (1×01), AKA Crush Syndrome (1×02), AKA It’s Called Whiskey (1×03), AKA 99 Friends (1×04), AKA The Sandwich Save Me (1×05) e AKA You’re a Winner (1×06).
