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Jessica Jones – 1×09 AKA Sin Bin

Por: em 21 de novembro de 2015

Jessica Jones – 1×09 AKA Sin Bin

Por: em

“Enquanto você se importar, ele estará no controle.”

Em um dos seus episódios mais tensos até então, Jessica Jones apostou no talento daquele que tem sido o grande nome da série até aqui: David Tennant. Claro, Krysten Ritter está excelente como a heroína central, mas Tennant e seu Kilgrave roubaram para si os holofotes, graças a um vilão pérfido, maquiavélico e misterioso o qual, finalmente, pudemos entender um pouco mais. Bem pouco, na verdade, porque existem várias versões da história que transformou o garoto Kevin no perverso Kilgrave.

Jessica-Kilgrave

O Homem-Púrpura é um psicopata. Ponto. Não há mais dúvidas e não resta mais o que dizer. Até então, Kilgrave parecia uma criança com um passado sofrido (o que de fato, não dá pra negar que foi) e que justificava todas as suas ações em cima do fato de nunca ter sido amado pelos pais e tratado, a vida toda, como um “rato de laboratório”; uma experiência, que deu muito errado – ou muito certo, a depender do ponto de vista. O plano de Jessica de aprisioná-lo numa jaula e forçá-lo a reviver seu trama a fim de obter a confissão que livraria Hope da cadeia era interessante, mas ela se esqueceu de levar em consideração todo o grande poder e fascínio que Kilgrave exerce sobre ela. É uma mistura de raiva, medo e hesitação, tudo porque ela se importa. Claro que é complicado deixar para lá depois de tudo que ela sofreu em suas mãos, mas o fato de Jones levar sua vendetta tão a sério é um dos motivos que a tornam tão vulnerável a Kilgrave.

O momento em que eles lutam dentro da jaula e ela só não perde o controle devido a intervenção de Trish é a prova disso. Jessica não pensa racionalmente quando o assunto é Kilgrave e essa foi a sua falha no plano. Envolver Jeri, Trish, Clemons e de certa forma até Will na história não foi uma ideia inteligente, porque as chances de algo sair do controle eram enormes, como acabou acontecendo nos incríveis momentos finais. E David Tennant, mais do que nunca, esteve em estado de glória. 

O confronto entre filho e pais, criadores e criatura, transcende qualquer momento que a série tenha apresentado até então. E o texto do episódio é tão eficiente, que mesmo depois de ouvir a história de que os pais de Kevin estavam tentando salvá-lo de uma doença e não fazendo experiências bizarras como ele deu a entender (o que, é preciso dizer, não diminui a cota de irresponsabilidade), Kilgrave consegue despertar, ainda que por poucos momentos, uma pequena dose de empatia.  Ao reclamar do amor ausente, da falta de cuidado e da infância não vivida, é como se ele gritasse: “Vocês me transformaram nisso. A culpa é de vocês.” A história que ele criou em cima disso, claro, procura favorecê-lo, mas a semelhança é esse: Ele culpa os pais pela morte de Kevin e o nascimento de Kilgrave. E, de certa maneira, ele não está errado. E essa é tridimensionalidade que torna o personagem tão interessante.

Depois daí, é só tiro, porrada e bomba. Entre o momento em que ele manda a mãe se esfaquear por cada momento em que esteve ausente e o pai tirar o coração fora até a quase morte de Trish e a “traição” de Jeri, quase não dá pra respirar. A surpresa disso tudo? Ver que, de alguma maneira, parece que Jessica não é mais influenciada por seus poderes. Isso vai ser bem interessante.

Fica até complicado falar dos núcleos paralelos, diante da complexidade que o arco central ganhou aqui e da “reunião” de quase todos os personagens, mas vamos lá:

  • Continuo achando a trama Jeri/Wendy/Pam um pouco largada. Entendo que isso contribuiu para o temperamento de Jeri e que pode ter sido o que a fez libertar Kilgrave, mas ainda vejo 0 de utilidade prática desse plot e não consigo ver até que ponto o roteiro quer nos levar. Mas continuo pagando pra ver.
  • Pelo que entendi, Will voltou para algum programa misterioso. O que serão aquelas pílulas? Alguém palpita?

trish-jessica-jones

  • Falando em Will, gosto muito do rumo que sua relação com Trish tomou. No começo, achei bizarro ela se envolver com o cara que tentou matá-la, mas agora a coisa está interessante.
  • Jessica é tão egoísta e tão afoita quando se trata de derrubar Kilgrave que eu duvido que, por um minuto sequer, ela tenha pensado no lado de Hope, que possuía uma chance de ter uma vida ao menos próximo do normal, se aceitasse o acordo da promotoria. Temo pelo futuro da garota.
  • Quando a Jessica começou a bater no Kilgrave, foi involuntário não pensar um “Já acabou, Jessica?
  • A série deu uma boa engrenada depois do episódio 6, mas acho que no geral, ainda prefiro Demolidor.
  • Tennant jogou, no mínimo, umas 200 carreiras fora com esse episódio.

 

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Confira também as reviews de AKA Ladies Night (1×01), AKA Crush Syndrome (1×02)AKA It’s Called Whiskey (1×03), AKA 99 Friends (1×04), AKA The Sandwich Save Me (1×05)AKA You’re a Winner (1×06) , AKA Top Shelf Perverts (1×07) e AKA WWJD? (1×08).

 


Alexandre Cavalcante

Jornalista, nerd, viciado em um bom drama teen, de fantasia, ficção científica ou de super-herói. Assiste séries desde que começou a falar e morria de medo da música de Arquivo X nos tempos da Record. Não dispensa também um bom livro, um bom filme ou uma boa HQ.

Petrolina / PE

Série Favorita: One Tree Hill

Não assiste de jeito nenhum: The Big Bang Theory

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