Depois da tensão do episódio anterior, era esperado que Jessica Jones pisasse no freio e respirasse, o que ela fez até certo ponto, dedicando parte do episódio a tramas paralelas mais calmas e acelerando o ritmo mais uma vez na guerra entre Jessica e Kilgrave, além de promover um legítimo banho de sangue no elenco coadjuvante da série.
As mortes de Clemons, Wendy e Hope não possuem nenhuma relação direta, mas indiretamente se ligam ao estrago que Kilgrave fez na vida de Jessica e a culpa que ela carrega consigo. Sem perceber e sem querer, Jessica arrastou todas essas pessoas para a sua história pessoal e este foi o resultado. Esse episódio nos deu ainda alguns flashbacks que reforçaram o quão doentia é a a obsessão que Kilgrave nutre por ela. A pequena DR que eles tiveram no momento em que o vilão foi fazer sua “oferta de paz” foi uma das cenas mais interessantes e mostrou o quanto Kilgrave, do seu jeito distorcido, se importa com Jessica, ao sugerir deixá-la em paz caso lhe entregue o pai.
E, falando em Albert, vou ser bem direto e dizer que não fiquei exatamente convencido com essa história dos poderes de Kilgrave serem decorrente de algum tipo de vírus que ele solta no ar e acaba “induzindo” as pessoas a fazer sua vontade. Não é que seja uma explicação ilógica, afinal estamos falando do MCU e pouca coisa seria realmente absurda, mas eu imaginei algo diferente – cheguei mesmo a cogitar que ele e Jessica seriam inumanos, por exemplo. Mas ok, bola para frente, porque ao menos isso serviu para, finalmente, apresentar uma forma efetiva de derrotá-lo, com a produção da vacina baseada no sangue de Jessica – agora, resistente à seu controle.
Durante toda a temporada, essa era uma das minhas maiores preocupações: Como derrotar um vilão que controla sua mente? Mesmo assim, é preciso que Jessica e cia não subestimem o inimigo. Como eu falei na resenha anterior, Kilgrave é um psicopata. A cena do jantar com Hope enquanto Malcolm e os outros estão literalmente com a corda no pescoço, foi aterrorizante. O vizinho de Jessica foi um dos coadjuvantes mais interessantes da série até então e por mais que sua ideia de ajudar Robyn na busca tenha sido de coração e pra sanar um pouco sua culpa, realmente não foi a coisa mais ideal do mundo e quase matou não só a si, mas a todos do tal grupo de recuperação.
Por um momento, imaginei que aconteceria uma chacina em massa e ninguém sairia vivo dali. Mas o suicídio de Hope ao final, por si só, já conferiu o tom de tragédia à sequência. Agora, sem a necessidade de proteger a garota, Jessica provavelmente vai com tudo para cima de seu inimigo.
O problema é que, agora, ela também vai ter que lidar com Will Simpson. A pílula que o namorado de Trish recebeu no episódio anterior teve um efeito imediato e eu cheguei a me assustar com o modo como Simpson matou Clemons a sangue frio e sem nenhum vestígio de remorso. O objetivo do rapaz e como isso vai interferir na missão de Jessica ainda são obscuros e isso me preocupa, já que estamos a 3 episódios do fim. Talvez, se o roteiro inserisse tal trama antes, ela funcionasse melhor.
A história de Jeri, Wendy e Pam parece finalmente ter chegado ao fim. A advogada não foi a pessoa mais inteligente do mundo ao libertar o vilão com o intuito dele lhe ajudar a conseguir que Wendy assinasse os papéis do divórcio, mas ainda assim, ela não merecia tudo que aconteceu. O momento em que Kilgrave ordena que Wendy promova 1000 cortes na ex-mulher é assustador e é mais uma prova da psicopatia dele. Jeri brincou com fogo e se queimou. Só não morreu nas mãos da ex porque a atual apareceu e a matou. A conversa “final” das duas na delegacia é um dos momentos mais interessantes do episódio; o momento em que Pam finalmente entende tudo que Wendy lhe dizia: Jeri é tóxica e contamina tudo que toca.
Uma pena que, para a secretária, a descoberta veio tarde demais.
A 3 episódios do final de sua primeira temporada, Jessica Jones segue imprevisível. Alguém arrisca dizer para onde caminharemos nestes capítulos finais?
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